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Polícia Quinta-feira, 09 de Outubro de 2008, 12:01 - A | A

Quinta-feira, 09 de Outubro de 2008, 12h:01 - A | A

Maníaco da cruz:

Adolescente matava para livrar suas vítimas do “pecado”

O adolescente de 16 anos que matou três pessoas em Rio Brilhante e que ficou conhecido como “maníaco da cruz” é frio e não apresenta nenhum arrependimento diante de seus atos.

Lucia Morel e Jefferson Gonçalves - Capital News (www.capitalnews.com.br)

O adolescente de 16 anos que matou três pessoas em Rio Brilhante e que ficou conhecido como “maníaco da cruz” é frio e não apresenta nenhum arrependimento diante de seus atos. Além disso, a polícia descarta qualquer envolvimento de uma segunda pessoa nas mortes.

A delegada da Delegacia da Infância e Juventude (DEIAJ), Maria de Lourdes Souza afirmou em vários momentos que o adolescente era frio e que antes de matar as vítimas, realizava um questionário com elas, perguntando se tinham namorado, se já haviam mantido relação sexual e se acreditavam em Deus. “Ele usava essas perguntas para saber se as pessoas eram “pecadoras ou não” e caso avaliasse que sim, ele as matava”, afirmou a delegada.

Tanto é verdade que a delegada informou sobre a existência de uma vítima que saiu com vida de um atentado do adolescente, já que segundo ele, ela não seria pecadora. “Segundo sua própria visão e critérios ele declarava se a pessoas tinha ou não pecados. Para ele, as mortes que ele praticou foram um bem que fez à humanidade”, declarou a delegada. O nome da vítima que saiu com vida não foi informado para resguardar sua identidade.

Maria de Lourdes contou ainda que o adolescente disse que acreditava em Deus e que praticou os crimes para “expiar” os pecados das vítimas, concedendo a elas uma “libertação espiritual”.

Ele também relatou à polícia que agia normalmente durante a manhã e que à noite praticava os crimes, mas seus pais nunca desconfiaram de nada porque ele sempre chegava em casa nos horários previstos.

O adolescente confirmou ainda que era mesmo fã do maníaco do parque. Um canivete e uma faca utilizadas nas mortes foram encontradas no quarto do adolescente, além de revistas pornográficas, as quais ele relatou que utilizava para se basear nas características das vítimas que escolheria, considerando-as pecadoras ou não.

A delegada Maria de Lourdes ressaltou que em vários momentos durante seu depoimento, o adolescente deixou claro que nunca quis estuprar as garotas assassinadas e que praticou os crimes de modo a libertar suas almas. “Ele criou uma religião para si. Disse que acreditava em um deus, mas para mim o deus dele é Satã”, afirmou horrorizada Maria de Lourdes.

A polícia destacou ainda que recortes de jornais com as notícias das mortes de suas vítimas foram encontradas no quarto do adolescente que ele aparentava sentir orgulho de ver seus atos estampados nos jornais.

Vítimas
A primeira vítima do adolescente, Catalino Gardena, de 30 anos, era vizinho do adolescente. Ele era servente de pedreiro e também alcoólatra. Conforme depoimento do assassino, a vítima o havia assediado, pedindo para manter relações sexuais com ele. Levando Catalino “na conversa”, chegou perto de um matagal e enforcou a vítima com o próprio cinto. Encostou os ouvidos no peito do servente para saber se ainda havia batimentos cardíacos e como sentiu a pulsação, resolveu cravar um canivete em seu coração e logo depois escreveu a inscrição INRI em seu peito, que significa “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”.

Já quando matou a jovem de 22 anos, Letícia Neves de Oliveira, ele contou à polícia que fez as três perguntas de praxe para ela, a ameaçou, levando-a para o cemitério, onde a asfixiou com um “mata-leão”. A garota tinha um crucifixo tatuado em seu peito e portanto ele julgou não ser necessário inscrever nada em seu corpo.

A última e terceira vítima do adolescente, uma menor de 13 anos de idade, foi abordada coma as mesmas perguntas e ameaçada a ir com ele até a construção abandonada. Ali chegando ele realizou um ritual para expiar os pecados da vítima e a enforcou também com um “mata-leão”. Nesse caso ele não achou necessário inscrever nada no corpo da vítima, mas escreveu uma carta em códigos em que fazia um pedido pelo perdão dos pecados da menor.

Medidas
Segundo a delegada da DEIAJ, o adolescente vai ser encaminhado a uma Unidade Educacional de Internação (Unei), mas terá tratamento diferenciado. “Ele apresenta distúrbios psicológicos e se não for tratado de modo diferente ele pode muito bem cumprir toda sua pena na Unei, sair de lá e continuar matando pessoas”, avaliou a delegada.

O adolescente freqüentou a escola até o 9º ano do Ensino Fundamental, até julho deste ano, quando praticou seu primeiro crime. A partir de então ele resolveu se dedicar à sua meta, que era matar pessoas para libertá-las e “fazer um favor ao mundo”, segundo palavras da delegada.

Ele é de família simples, atuava como marceneiro e os pais estão horrorizados com os atos do filho.

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