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ENTREVISTA Sexta-feira, 20 de Março de 2015, 07:43 - A | A

Sexta-feira, 20 de Março de 2015, 07h:43 - A | A

ENTREVISTA

“A prefeitura está em colapso financeiro e perdendo credibilidade” afirma Mario Cesar

Taciane Peres
Capital News

Deurico/Capital News

“A prefeitura está em colapso financeiro e perdendo credibilidade” afirma Mario Cesar

Presidente da Câmara municipal de Campo Grande, vereador Mario Cesar (PMDB)

O presidente da Câmara municipal de Campo Grande, vereador Mario Cesar (PMDB) abriu as portas do seu gabinete para uma entrevista exclusiva com a reportagem do Capital News sobre diversos assuntos que envolvem os trabalhos a frente da câmara, a situação atual de Campo Grande pós-cassação do ex-prefeito Alcides Bernal (PP), bem como os seus projetos políticos futuros, onde colocou seu nome a disposição do partido para as eleições de 2016. Confira abaixo.

 

Capital News: como o senhor iniciou sua trajetória política até chegar à presidência da Câmara Municipal de Vereadores?

Mario Cesar: É engraçado como as coisas são. Eu nem pensava em morar em Campo Grande. Esse ano eu completo 25 anos na Capital. Comecei na Marinha mercante, no Rio de Janeiro, vim para Campo Grande, casei aqui, fiz concurso para auditor fiscal, passei no concurso logo em seguida e assim pedi baixa da Marinha e me tornei auditor fiscal. Em setembro completo 24 anos de carreira como auditor aqui em Campo Grande. Me separei, casei de novo com uma corumbaense e quando o André entrou para prefeito de Campo Grande em 1997, me convidou para ser diretor de fiscalização e aceitei o desafio. Me tornei diretor executivo e na sequência secretário e ai surgiu o convite para ser vereador. O engraçado é que foi para ajudar a coligação, para compor a chapa mas não achavam que eu ia ser um candidato expressivo, era apenas para ajudar o partido. Eu entrei e fui um dos mais votados na eleição de 2008, depois me elegi em 2012, estou no meu segundo mandato como vereador e ai nessa eleição 20 vereadores entenderam que eu poderia ser o presidente da câmara dos 29. Foi pra mim uma surpresa nesse período todo, me elegeram até com antecipação para o biênio 2015/2016 e já não mais com 20 votos, nessa eleição foram 28 votos, com apenas 1 contrário. Para mim foi um reconhecimento muito grande e importante daquilo que a gente pensa como gestão e daquilo que a gente vem fazendo.

 

Capital News: Hoje o trabalho é feito em conjunto, com projetos, está bem diferente de 2012?

Deurico/Arquivo Capital News

“A prefeitura está em colapso financeiro e perdendo credibilidade” afirma Mario Cesar

Presidente da Câmara, Mario Cesar fala sobre situação da prefeitura pós-bernal e gestão atual de Olarte

Mario Cesar: Com a eleição do Bernal e a forma que ele já vinha se comportando desde o período na época da eleição, ele ainda não havia tomado posse, nós já começamos a perceber que teríamos problema do ponto de vista do legislativo. Ele não queria fazer um trabalho em conjunto, não queria saber do orçamento que ele mesmo ia utilizar em 2013, então esse comportamento dele parecia que ia ser num primeiro momento, esperamos a posse até para ele montar a equipe de transição, ou seja pareciam que as coisas iriam caminhar e quando tomou posse as coisas não aconteceram de forma positiva, isso não se materializou do ponto de vista administrativo e politicamente falando. Dada essa distância e a relação hostil entre a câmara e a prefeitura na época, sem pagar os aluguéis atrasados da câmara e a responsabilidade não sendo nossa, a única maneira da gente se defender foi se unindo. E isso deu oportunidade para todos os vereadores, não só os antigos como os “novatos”, como nós chamamos a oportunidade de mostrar o seu trabalho, então essa situação fez com que a gente aprendesse muito e unindo forças. Em 2012 a sociedade votou em Bernal acreditando em uma mudança, acreditando que as coisas seriam diferentes, infelizmente as coisas tomaram outro rumo e continuamos com nosso trabalho, tendo contato direto com a sociedade, indo para as ruas buscando parcerias e fiscalizando o executivo como tem que ser feito. Eu acho que essa abertura, dando dinamismo e autonomia às comissões permanentes da casa, nós conseguimos valorizar o trabalho do vereador, nós conseguimos ter essa unidade de pensamento.

 

Capital News: Ainda se fala em cassação, agora do prefeito Gilmar Olarte. Caso isso ocorra, está preparado para assumir a prefeitura?

Mario Cesar: O rito não é esse. Quando cassou-se o Bernal, o vice era o Gilmar Olarte, com a ausência do prefeito o vice assume automaticamente, se houver uma cassação do Gilmar Olarte, o presidente da câmara não assume este mandato imediatamente. Ele assume no lapso de tempo, na vacância, até que se tenha uma eleição onde se escolhe o prefeito e o vice-prefeito. Qual é a diferença? É que quem elege são os vereadores e qualquer pessoa que esteja filiada a um partido, que tenha condições de se candidatar, pode ser candidato a prefeito para findar esse mandato até 2016, então essa vacância do presidente assumir é só até o período eleitoral para se convocar novas eleições.

Deurico/Capital News

“A prefeitura está em colapso financeiro e perdendo credibilidade” afirma Mario Cesar

Presidente fala sobre assumir a prefeitura em caso de nova cassação de prefeito em Campo Grande

Capital News: Na sua avaliação, como está Campo Grande hoje?

Mario Cesar: Nós sabemos que não é fácil administrar Campo Grande. É uma capital que está chegando a quase 1 milhão de habitantes, ela por si só já tem os seus problemas, eu costumo dizer que Campo Grande é um organismo vivo. Por mais que a gente faça uma boa gestão, uma boa administração, nós não teríamos condições de acabar com a demanda de moradia que existe, nós não conseguiríamos acabar com toda a demanda que existe na saúde, as vagas nos Ceinfs, enfim, poderíamos ter menos problemas fazendo uma gestão nos moldes que vem acontecendo nos últimos anos.

Deurico/Capital News

“A prefeitura está em colapso financeiro e perdendo credibilidade” afirma Mario Cesar

Presidente da câmara, Mario Cesar (PMDB) fala sobre seus trabalhos a frente da câmara

Com essa ruptura de gestão pública que aconteceu de 2012 para 2013 a prefeitura está entrando num colapso financeiro, num colapso de gestão e perdendo a pior coisa que existe num município, que se chama credibilidade. As pessoas não estão acreditando mais no município de Campo Grande. Os investimentos que poderiam vir numa velocidade que vinham anteriormente estão muito mais tímidos, por que existe uma morosidade, não há um comprometimento com o poder público para que isso aconteça de forma mais eficiente. As obras de infraestrutura que vinham permeando Campo Grande com o PAC e os recursos próprios estão paradas, o próprio governo federal tem a preocupação de que se não houver uma ação da prefeitura no sentido de recursos já liberados para finalizar esses projetos, as coisas ficarão mais complicadas. Estamos atravessando um momento de crise financeira que está atingindo todo mundo e o país todo. Então a empresa que está organizada sofre com o impacto da crise, imagina quem está desorganizado? Por isso temos que ter criatividade redobrada para enfrentar a crise interna e enfrentar a crise externa, se não houver equilíbrio só temos a piorar.

 

Capital News: A oposição luta para uma abertura de CPIs, isso prejudica o trabalho dentro da Câmara?

"Não é que atrapalha, mas nós gastamos energia com coisas que não precisaríamos gastar."

Mario Cesar: Não é que atrapalha, mas nós gastamos energia com coisas que não precisaríamos gastar. A câmara hoje eu vejo com muita maturidade para tratar de vários assuntos ao mesmo tempo, sem deixar de dar a devida importância a todos. Ela é multidisciplinar mas com certeza poderíamos estar focando em outra coisa que é o que estamos querendo fazer, uma agenda pró-ativa, alguma coisa que possamos contribuir com o prefeito para a melhora de Campo Grande. Nós não estamos preocupados se o Gilmar Olarte vai fazer uma boa gestão, nós estamos preocupados em ele fazer uma boa gestão para a sociedade, até por que a disputa política acaba no período eleitoral, acabando esse período é todo mundo junto num projeto único. Nossa preocupação não é com a sobrevivência do prefeito de Campo Grande e sim com Campo Grande, então temos que estar todos unidos, seja criticando, sendo oposição, dando sugestões mas pra gente poder sanear todos esses problemas que são consequência de um equívoco eleitoral que aconteceu em 2012, com o equívoco administrativo que estamos enfrentando desde 2012 e que a gente pudesse sair lá na frente com uma sobrevida. A sociedade hoje tem um viés participativo muito maior, com a internet, com as redes sociais, com a mídia o alcance da informação é muito maior, é real e

Deurico/Capital News

“A prefeitura está em colapso financeiro e perdendo credibilidade” afirma Mario Cesar

Presidente da Câmara, Mario Cesar fala sobre situação da prefeitura pós-bernal e gestão atual de Olarte

verdadeiro. Antes a informação demorava para chegar, hoje a mídia tem um papel fundamental para que as pessoas saibam de forma instantânea o que está acontecendo. Estamos balizados hoje por uma população muito mais ativa, muito mais participativa, mais capacitada e muito mais informada, então às cobranças chegam e temos que trabalhar bem pela sociedade.

 

Capital News: Durante os protestos que ocorreram no último domingo, (15) foi muita cobrada à reforma política e também tributária. Acredita que é uma questão utópica, mesmo com a real necessidade de mudanças emergenciais no país?

Mario Cesar: Ela tem que acontecer, tanto a reforma tributária quanto a reforma política. A reforma política eu consigo dividir em dois pontos, a reforma de eleição, o modelo de eleição daquilo que se quer fazer e a reforma política por si só ou determinar coligação, se vai ter se não vai ter, partido único, isso é uma reforma para a eleição. A reforma política é muito mais abrangente por conta das composições partidárias que existem, os números de partidos que existem hoje no Brasil e a sua representatividade. Com essa coisa de abre partido e fecha partido, nós estamos perdendo a identidade partidária e as pessoas por si só estão escolhendo a pessoa, independente da bandeira que ela representa. Algumas bandeiras partidárias estão se desgastando ao longo do tempo, mas algumas pessoas sobrevivem pelo seu próprio nome, independente da sigla partidária que ela pertence, a reforma tem que sair, mas como um todo, não somente para estabelecer uma nova regra que a eleição futura.

 

Capital News: E a reforma tributária?

Mario Cesar: Já em relação à carga tributária não é o tamanho da carga e sim o retorno desses impostos para a sociedade. A Alemanha tem uma das maiores cargas tributárias do mundo mas os serviços públicos funcionam na mesma proporção que se cobra os seus tributos. No Brasil não existe isso, a carga tributária que existe no país e a burocracia emperra o movimento. Com essa globalização o nosso poder de competitividade fica muito restrito a burocracia do governo, ou seja se o governo por si só não atrapalhar, ele já está ajudando muito. Tem que desburocratizar muita coisa no Brasil e ter uma carga tributária que seja de fácil arrecadação e que seja de maneira não tão onerosa em todos os aspectos que assim se consegue aquecer a economia. Se for feita uma tributação mais simples e menos onerosa se aumenta o leque de contribuintes, o Brasil tem dimensões continentais, então se consegue ter uma carga tributária restrita a algumas empresas e segmentos onde se poderia diluir para toda a população, ai se teria uma carga bem menor com um maior número de contribuintes. Dá para se fazer, o problema da reforma tributária é que ninguém quer abrir mão do que é seu, nem a União, nem o Estado e nem o município.  Só que tem uma grande diferença, a maior quantidade da carga tributária está na União mas as coisas acontecem nos municípios então cada município do Brasil sabe onde “aperta seu calo”. Temos que investir com gestores capacitados, em uma reforma administrativa municipal mais eficiente, para que o gestor municipal possa atender mais de uma forma imediata ou seja acabar com aquela coisa de que os prefeitos fiquem com o “píres” na mão pedindo para que o governo federal atenda uma demanda que é do município.

 

Capital News: Quais são próximos projetos políticos?

Mario Cesar: Ano que vem tem eleição, o PMDB já está dizendo que vai lançar candidatura própria, acho que tem que lançar sim, até por que temos mostrado para Campo Grande e Mato Grosso do Sul que temos quadros interessantes. O Estado hoje está organizado, o município vinha sendo organizado e acabaram desorganizando o município todo. O PMDB tem vários nomes e coloquei o meu nome a disposição, e se entenderem que eu possa contribuir junto ao município e continuar fazendo essa gestão que Campo Grande sempre teve, com bons prefeitos, estamos à disposição do partido. Nós vamos trabalhar dessa maneira e dentro dessa linha de raciocínio com a sociedade, entendendo que a democracia é o melhor plano de governo. As pessoas que estão hoje no poder são aquelas que estavam nas ruas, os caras pintadas brigando pelas “Diretas já",saindo da ditadura, mas eles ficaram ultrapassados em relação aquilo que se pregava lá atrás. As pessoas querem hoje um gestor público mais eficiente, com resultados imediatos, acabando com a forma “politiqueira” e que tenhamos técnicos e políticos competentes para dar resultados mais pragmáticos à sociedade.

Deurico/Capital News

“A prefeitura está em colapso financeiro e perdendo credibilidade” afirma Mario Cesar

Presidente da Câmara, Mario Cesar fala sobre situação da prefeitura pós-bernal e gestão atual de Olarte

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jose delmondes da silva 29/03/2015

o culpado de tudo isso que esta acontecendo não e culpa do Olarte não a culpa e dos vereadores que tiraram o Bernal na marra para colocar esse cara que não sabe nada de gestão.

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