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Cotidiano Quinta-feira, 12 de Março de 2015, 15:38 - A | A

Quinta-feira, 12 de Março de 2015, 15h:38 - A | A

Famílias indígenas podem ser despejadas em Coronel Sapucaia

Luana Rodrigues - Capital News

Pelo menos 50 famílias guaranis-kaiowás que vivem numa área denominada ‘Kurusu Ambá’, nas imediações do município de Coronel Sapucaia, fronteira com o Paraguai, terão que deixar o local até a próxima segunda-feira, caso contrário serão despejadas.

Elas foram intimadas, pela Polícia Federal, na sexta-feira passada. Os indígenas aguardam a decisão do pedido de suspensão da liminar de despejo, peticionada pela procuradoria da Funai que deverá ser avaliada pelo ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o depoimento dos guaranis-kaiowás, no dia 6 deste mês, a Polícia Federal foi até a terra indígena e anunciou que o despejo da comunidade estaria marcado para o dia 16 de março, próxima segunda-feira.

Os indígenas disseram ainda que os policiais voltarão à comunidade hoje com o intuito de convencer os Guaranis-Kaiowás a se retirarem por “vontade própria” da terra que ocupam.

Frente a esta situação, o rezador da comunidade, Yvyra’ijá, de 65 anos, declarou que “a justiça já sabe sabe qual a nossa posição”. “Todos sabem. Nós não podemos sair, esta é nossa terra, estamos aqui porque lá onde estávamos morrendo de fome enquanto usavam de nossa terra. Só queremos nosso espaço para plantar mandioca e ter direito a uma vida digna. Não nos moveremos porque não podemos, buscamos apenas o que é nosso, retomamos aqui porque sabemos que aqui é nosso, está lá nos estudos, a Funai já estudou, é só olhar. Retomamos este lugar em especial porque esta é nossa terra mãe, nossa terra tradicional. Respeitamos a Constituição, e só entramos onde é nosso de verdade. É muito duro para mim que sou velho ver as leis de um país que tanto amamos, nos tratando tão mal. Eles vão expulsar de novo nós que somos velhos e nossas crianças? Resistiremos. Resistiremos aqui porque não temos opção. Só sairemos daqui mortos, porque a estrada para nós significará morte também”, disse.

A procuradoria da Funai ingressou com o pedido de suspensão da liminar de despejo no STF e espera que justiça garanta aos indígenas um julgamento justo.

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