Quem conhece o Bairro Monte Líbano, em Campo Grande, conhece a tranquilidade do local. Sem som alto ou festeiro ao comando, um ônibus Mercedes-Benz 364 de 1982, apelidado de “Hudstock”, foi totalmente reformado pelo dono. O veículo sempre fica estacionado em frente a uma oficina mecânica especializada em motocicletas. De propriedade de Hudson Nunes Lino, de 67 anos, o patricarca de uma família apaixonada pelo motocross, o ônibus é usado para viagens em família. Além de carregar hstórias curiosas, também embala o sonho do ex-campeão Stefferson Nogueira Lino, 26 anos, que sonha em voltar ao esporte.
As histórias do “Hudstock” brotam e brotam. “Já ficamos cinco dias e meio viajando até Maceió aí [aponta o ônibus]. Estragou no sertão da Bahia, divisa com Sergipe, e ficamos um dia e meio esperando virem com um radiador e uma hélice”, contou Stefferson.
A família vive de consertos e o hobby é o motocross. Stefferson competia até os 15 anos e chegou a ganhar 150 medalhas e troféus em competições. Nessa idade sofreu um acidente e quase perdeu o pé direito. Desde então parou de participar das provas, mas sempre continuou viajando com a família para eventos de motocross. Agora, quer voltar ao cenário esportivo.
A paixão pelo esporte vem de pai par filho, já seu pai, ganhou cerca de cem medalhas e troféus. Nessa nova fase do rapaz, que vai casar em breve, quer volta às competições, e aos estudos, principalmente. Hoje, Stefferson cursa tornearia mecânica no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Sua irmã, de 22 anos, outra competidora, acabou de ganhar um filho.
Stefferson e seu pai Hudson em frente ao "Hudstock"
Foto: Deurico/Capital News
De onde vem esse amor?
Dentro da oficina, o filho faz de tudo. Passa o dia inteiro. Até umas 22 horas ainda está na oficina. O curso do Senac serve para reparos e criação de novas peças. O pai, esse que nem é de muita conversa, já que chega e mergulha nos reparos, resumiu o que acredita ser um motivo de ser seu filho um campeão. “Os melhores competidores do país são filhos de mecânicos”, disse Hudson. O amor pelo esporte, Stefferson aprendeu com o pai já que desde os dois anos de idade viaja com o Hudson.
Stefferson começou a pilotar aos seis anos e aos sete já competia.“Minha vida é moto. Posso trabalhar com o que for, [motociclismo] é o meu eu, é quando meu coração bate", afirma o ex-campeão estadual.
Agora, o atleta sonha em voltar ao cenário do motocross com ideias para melhorar o esporte. “O motocross é pouco divulgado”, acredita Stefferson. Das máximas 12 etapas previstas anualmente em Mato Grosso do Sul, neste ano ocorreram somente quatro. “O esporte está em defasagem, muitas vezes os pilotos querem somente diversão”, afirmou .
Vindo do piloto, os conselhos são muitos para o trânsito e também para os competidores novos. “Temos que aprender a controlar a adrenalina. Numa competição desviamos a moto no ar”, disse. Para quem pilota na cidade os conselhos são: usar mais espelhos retrovisores, piscas, sinal de luz do farol, e usar a busina. “Como a moto é um meio de transporte rápido, que consegue fazer em metade do tempo um trajeto, os carros têm que priorizar a passagem dos motociclistas, para não haver acidente”, adverte o ex-campeão.
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Motocicleta de competição é nova e custa R$ 36 mil
Foto: Deurico/Capital News
Serviço:
A oficina mecânica faz reparos de todos os tipos em motocicletas. Mesmo quando não há a peças, eles a fabricam. Ela está situada na Rua João Pedro de Souza, 627, Bairro Monte Líbano. Os telefones de contato são 3384-3429, 9646-6821 e 9107-2099.
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Fotos: Deurico/Capital News
