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Meio Ambiente Quarta-feira, 17 de Setembro de 2014, 13:28 - A | A

Quarta-feira, 17 de Setembro de 2014, 13h:28 - A | A

MP pede ao Imasul suspensão de licenciamento irregular para hidrelétricas em áreas indígenas

Fernando Hassessian - Capital News (www.capitalnews.com.br)

Os Ministérios Públicos Federal e Estadual pediram a imediata suspensão da emissão de licenciamento ambiental a três Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) que devem atingir áreas de aldeias indígenas e sítios arqueológicos na bacia do Rio Amambai, próximo à fronteira com o Paraguai.

Segundo o MP/MS, a emissão de licença pelo Imasul, órgão ambiental do governo do estado responsável pela concessão do licenciamento, só poderá ser retomada com a autorização da Funai (Fundação Nacional do Índio) e Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e artístico Nacional). O MP/MS ressalta que no processo de licenciamento não consta manifestação da Funai sobre o impacto dos empreendimentos em terras indígenas nem qualquer autorização do Iphan para a retirada dos sítios arqueológicos que existem na região.

A expedição de licenciamento deve ser suspensa até que a Funai realize consultas prévias às comunidades indígenas afetadas, para só então se manifestar. Já o Iphan tem que realizar estudos sobre o potencial de dano aos sítios arqueológicos existentes nas áreas impactadas pelas PCHs Foz do Saiju, Barra do Jaguari e Bela Vista, todas no Rio Amambai.

A área que deverá ser impactada abrange terras indígenas, já consolidadas e em fase de estudo antropológico. Podem ser potencialmente afetadas, direta e indiretamente, as terras Indígenas Amambai, Guaimbé, Jaguari, Jarara e Rancho Jacaré, todas homologadas e demarcadas pelo governo federal. A Constituição Federal determina que os indígenas devem ser consultados sobre obras que impactem suas comunidades, o que não aconteceu,, segundo o MP/MS: “Estes fatores não foram levados em consideração pelo Imasul, órgão ambiental do governo do estado responsável pela concessão do licenciamento”.

O Ministério Público constatou ainda que os Estudos de Impacto Ambiental apresentados não abrangeram o trabalho de recuperação de áreas degradadas ao longo do rio, já em andamento, nem medidas compensadoras de eventual supressão e deslocamento de áreas de preservação permanente e reserva legal das propriedades atingidas pelos empreendimentos. Houve, ainda, ausência de licenciamento ambiental de uma das PCHs planejadas. As audiências públicas obrigatórias não foram realizadas em conformidade com a lei e não tiveram participação da Funai nem do MPF.

De acordo com os Relatórios de Impacto Ambiental, a PCH Foz do Saiju abrange os municípios de Amambai, Juti, Caarapó e Laguna Carapã. O empreendimento terá a capacidade instalada total de 20 megawatts e a estimativa do custo é de R$ 80 milhões de reais. Já a PCH Barra do Jaguari localiza-se entre os municípios de Amambai e Laguna Carapã, com capacidade para gerar até 29,7 megawatts. Estima-se o custo de R$ 118,8 milhões. Os dois projetos são da empresa Sigma Energia. Há, ainda, a previsão de instalação da PCH Bela Vista na mesma bacia hidrográfica.

O Imasul e Iphan têm 30 dias de prazo, a partir do recebimento, para responder se acatam ou não a Recomendação. A ausência de resposta poderá levar ao ajuizamento das ações cabíveis. A reportagem do Capital News tentou contato com o Imasul, mas não conseguiu informações sobre a emissão do licenciamento.

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