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Cotidiano Sexta-feira, 06 de Dezembro de 2013, 19:15 - A | A

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Resistência: produtores mantêm movimento para este sábado e culpam Governo Federal por inércia

Samira Ayub e Lucas Junot - Capital News (www.capitalnews.com.br)

Representantes de sindicatos rurais, deputados federais e produtores afirmaram durante coletiva na tarde desta sexta-feira (6) de que o movimento chamado Resistência será mantido para este sábado (7), na sede da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul). Os produtores responsabilizam o Governo Federal pela inércia na solução do conflito de terras no Estado, uma vez que garantiu a apresentação de uma solução para o dia 30 de novembro.

Estiveram presentes na coletiva o presidente da Acrissul, Francisco Maia; Eduardo Riedel, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), e os deputados federais Luiz Carlos Mandetta, Paulo César Quartiero (RR) e Ronaldo Caiado (GO), todos do Democratas (DEM).

Os produtores questionaram a decisão judicial que suspendeu a realização do Leilão da Resistência, e que, segundo eles, liminar concedida com base em uma notícia veiculada de que os produtores organizariam uma milícia. Segundo representantes da classe, o objetivo do leilão era para levantar recursos para que os produtores pudessem tornar conhecido o conflito de terras no Estado em todo o país, além de custear advogados, transporte de produtores para audiências públicas e outras questões.

O deputado Mandetta ressaltou para o fato de que existe um apelo nacional pela pacificação, e com exceção do Rio Grande do Norte, todos os demais estados sofreram com conflitos de terras. “Existe uma negligência do Governo Federal em solucionar a questão, o que eu percebo é um ministro hesitante que tem medo e deixa a sociedade a mercê dessa negligência”, afirmou Mandetta ao mencionar o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo.

O parlamentar disse ainda que todas as vezes que o Governo Federal enviou um represente ou se pronunciou foi para emitir prazos e promessas. “Essa questão é prioritária em Mato Grosso do Sul e a ausência de paz no campo já tem influenciado negativamente a imagem do Estado e espantando daqui indústrias, empresas e investidores do conflito”, afirmou o deputado.

Quartieiro afirmou que tem uma vasta experiência com demarcação de terras, e disse que ele mesmo era produtor rural em Roraima, e com a demarcação perdeu 100% de suas terras e ainda não recebeu indenização pela propriedade. Para o deputado democrata, existe um interesse internacional na questão, e que combinado a um Governo que não quer sair do poder, dizima seus estados. “O que está acontecendo hoje com os índios, já aconteceu com o Movimento dos Sem Terra (MST) e a questão ficou desgastada, agora são os índios e quando eles estiverem desgastados passarão para outros segmentos”, afirmou o parlamentar.

O deputado afirmou que o que está em jogo não são as propriedades, porém a integridade do território nacional. De acordo com a proposta do Governo Federal de demarcação de terras, a terra sai das mãos do produtor e passa para o Governo, e não para o indígena. Uma vez do Governo, as terras não serão tributadas e isso promete, segundo os parlamentares, um impacto negativo para a economia do país, já que a União deixa de arrecadar o tributo. A tendência é que haja uma inflação na carga tributária de outros setores para compensar essa falta de recursos.

Ronaldo Caiado afirmou que existem opiniões divergentes no Governo sobre a questão e que fomenta o desgate. “Nós, produtores, nunca fomos mantidos por mensaleiros ou por ONG, a situação chegou a tal ponto que precisa ser mostrada para o mundo”, afirmou Caiado.

Existem cerca de 600 mil hectares de terra para serem identificadas pela FUNAI, e segundo Caiado, esse número pode chegar a 3 milhões de hectares. “Queremos ganhar essa questão no campo das ideias, assim como ganharam com a Constituinte de 88”, disse o parlamentar.

Eduardo Riedel afirmou que o evento vai acontecer e que o leilão era parte do movimento. Segundo ele, a discussão será judicial e que os produtores vão esperar até sábado para reverter a decisão da liminar que suspendeu o leilão. O gado que já haviso sido doado para o leilão está em posse da Acrissul e são cerca de mil cabeças, mas que o número chegaria a três mil cabeças.

Segundo Riedel centenas de produtores devem chegar a Campo Grande para participar do evento. “Existem áreas para serem demarcadas em 21 municípios. A única forma de êxito é a resistência”, concluiu o presidente da Famasul.
 

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