A delegada titular da Delegacia Especializada na Repressão de Defraudações e Crimes Fazendários (DEDFAZ), Ariene Murad Cury, informou na manhã desta terça-feira (12) como a polícia desarticulou uma quadrilha que tentou fraudar o vestibular para o curso de Medicina de uma faculdade particular de Campo Grande, no último domingo. Um dos estudantes detidos afirmou que pagaria R$ 60 mil se conseguisse a vaga.
Segundo Ariene Cury, foram conduzidas para a delegacia 23 pessoas, porém, um estava somente com aparelho celular e foi liberado, enquanto que outro é um adolescente e não pode ficar detido. No total, foram 21 presas e que respondem o processo em liberdade, após pagamento de fiança, apenas um candidato, Joaquim Pereira Gonçalves, de 31 anos, morador em Ourilândia do Norte (PA), permanece no Presídio de Trânsito, por não pagar a fiança arbitrada em R$ 2.300,00.
A delegada informou que em 2011 ocorreu um caso semelhante no vestibular da mesma instituição, a Uniderp-Anhanguera, e que para evitar uma nova fraude, a segurança foi reforçada com aumento no número de fiscais para a prova. No domingo, alguns fiscais perceberam que o candidato William Nascimento, de São Paulo, estava bastante nervoso, e que pediu várias vezes para ir ao banheiro.
Após duas horas de prova, William apresentou um nervosismo ainda maior e começou a ir com mais frequência ao banheiro. Fiscais conversaram com o candidato que passou pelo exame de autoscopia e acabou confessando o uso de ponto eletrônico. William disse que o ponto não estava funcionando, que ouvia apenas chiado e ruído e que não conseguiu receber nenhuma resposta.
Com isso, a polícia realizou exames em todos os alunos que saíram da sala durante a realização da prova, quase 2.500 vestibulandos. Três candidatos saíram mais cedo porque estariam passando mal na prova, mas serão investigados. Uma das candidatas que saiu mais cedo é aluna do curso de Medicina da instituição e foi apontada como uma das pessoas que faria a prova e passaria o gabarito. Alguns fiscais também são alunos da faculdade e estranharam que a aluna que já está cursando Medicina realizava a prova.
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Foto: Josafa Brito/Foto cedida
Segundo a delegada, três candidatos são de Mato Grosso do Sul, e o restante são de outros estados e três são brasileiros que cursam Medicina na Bolívia. Foram ouvidas dez pessoas, e três se valeram do direito de permanecer em silêncio.
Alguns afirmaram para a delegada que pagariam R$ 60 mil se fossem aprovados, outros gastaram de R$ 300 a R$ 500,00 pelo receptor, e mais R$ 5 mil após a prova. Os candidatos disseram que foram abordados enquanto faziam provas para o curso de Medicina em outros vestibulares.
A polícia conseguiu a identificação de três pessoas, sendo dois homens e uma mulher, mas para não atrapalhar nas investigações, os nomes ainda não foram divulgados.
Ariene Cury informou que recebeu hoje um ponto eletrônico em um dos banheiros da instituição e será solicitado junto a Uniderp imagens do circuito interno para encontrar o candidato que usava o ponto.
Segundo a delegada titular, os equipamentos e três aparelhos de celular serão encaminhados para a perícia, para verificar se era apenas um grupo ou se havia um segundo grupo aplicando a mesma fraude, já que um dos receptores é diferente dos demais. Também será pedido a quebra de sigilo telefônico dos celulares apreendidos.
Para a delegada não há indícios da participação de funcionários da instituição, mas a possibilidade não está descartada.
Os candidatos afirmaram que não conseguiram receber nenhuma resposta da prova e que apenas ouviam muito chiado e ruído, não concretizando a fraude. Todos vão responder pela tentativa de fraude de certame de interesse público, conforme o artigo 312 A, do Código Penal, e por formação de quadrilha
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Fotos: Deurico/Capital News
