A notícia de que alguém está com câncer comove os pais, familiares, amigos, conhecidos, colegas de escola, do trabalho e até aquelas pessoas mais distantes do novo paciente. As atitudes naturais daqueles que querem se solidarizar vão de ligações, palavras de conforto, auxílio no tratamento até ações mais corajosas. E foi a atitude de uma menina de 12 anos em raspar os cabelos para diminuir a dor da amiga de 13 anos com um câncer raro que comoveu pais, colegas de escola e todos que souberam da história.
Sara Mendes tem 12 anos e conheceu Yasmin Passos há dois anos durante os cultos da igreja. A afinidade entre as garotas foi tamanha que em pouco tempo se tornaram melhores amigas.
A rotina de ir para a escola, sair com amigas, passear nos fins de semana e frequentar os cultos fazia parte da vida de Sara e Yasmin. Até que às 7 horas do dia 5 de setembro a confirmação de que as dores de cabeça de Yasmin eram sintomas de um linfoma raro abalou toda a família.
A empresária Adriana Passos, mãe da menina, disse ao Capital News nesta quinta-feira (21) sobre a agilidade no início do tratamento da filha.
“O único sintoma dela eram as dores de cabeça fortes. Tivemos o diagnóstico do câncer às 7 horas da manhã e às 20h do mesmo dia já estávamos dando entrada na internação dela no hospital Albert Eisten”, contou.
O tratamento de Yasmin em São Paulo começou com sessões de quimioterapia que aos poucos fizeram com que os longos cabelos negros da menina caíssem. Muito vaidosa, a garota decidiu que cortaria os cabelos na altura dos ombros e Sara a acompanhou na decisão.
Mesmo longe, amigas conversam pela internet todos os dias
Foto: Aliny Mary Dias/CapitalNews
Em uma das vindas de Yasmim para Campo Grande, Sara, que conversava todos os dias com a amiga pela internet, resolveu que também cortaria o cabelo. E assim elas fizeram. Na primeira semana de setembro as meninas foram juntas até o cabeleireiro e se desfizeram dos longos fios.
A sequência do tratamento na capital paulista foi mais forte e a hora de raspar a cabeça estava chegando para Yasmin, mas não só para ela. Em outubro, Sara já tinha tomado a decisão de raspar os fios em solidariedade à amiga.
“Eu falei para ela que iria cortar, no começo ela não deixou, mas eu disse que iria”, contou Sara.
Determinada, a menina foi até a casa de Yasmin em uma das voltas dela para Campo Grande. As amigas passaram a tarde juntas e dessa vez a cabeleireira foi até a casa de Yasmin. E assim elas fizeram, as duas rasparam os cabelos na máquina número 2 e ainda pediram que um coração fosse marcado no lado esquerdo da cabeça.
“Eu me senti muito bem quando olhei no espelho e emocionada porque eu estava fazendo aquilo em solidariedade a ela. Eu fiz isso para que ela se sentisse melhor”, conta Sara.
A decisão de cortar os cabelos emocionou toda a família das meninas. Para Adriana, a atitude é reflexo de um amor sobrenatural. “Foi uma atitude que não temos palavras para descrever. É solidariedade e um amor muito puro, é de Deus”, contou a mãe de Yasmin.
Mãe de Yasmin conta que a filha sempre foi vaidosa e decidiu cortar os cabelos depois da quimioterapia
Foto: Reprodução/Facebook
Decisão da filha
Silvio Mendes é psicólogo e pai de Sara. Ele conta que a decisão da filha de apenas 12 anos foi de coragem e amizade. “Como pai eu fiquei orgulhoso e respeitei a decisão dela. Falamos sobre os preconceitos que ela poderia sofrer, mas ela estava certa do que iria fazer”, contou.
A preocupação dos pais tinha motivo: eles não queriam que a filha fosse alvo de piadas na escola ou preconceito por parte de amigos. “Ela estava ciente de que isso poderia acontecer, mas demos todo o apoio”.
Como psicólogo, Silvio avalia que a decisão da filha foi capaz de ajudar no tratamento de Yasmin. “O ato dela foi um ato de cura. Existe o processo medicamentoso, o da fé e o da presença. A Sara ficou do lado dela e pôde contribuir para que a Yasmin não se sentisse sozinha naquele momento”, disse.
Para a mãe de Yasmin, que acompanhou todo o processo de perto, a atitude de Sara foi responsável por transformar um momento difícil em uma situação leve.
“A Sara ter feito isso mostrou que o cabelo e a beleza exterior não são tudo. Se ela tivesse raspado sozinha, teria sido mais doloroso e ela seria o único patinho feio. Depois disso ela ficou forte”, completou Adriana.
Tratamento e a Internet
Yasmin passará por sessões de quimioterapia e radioterapia até dezembro deste ano. Hoje a menina estuda em São Paulo quando a imunidade não está muito baixa. Segundo a mãe, a evolução do tratamento contra o câncer no sistema linfático de Yasmin é positiva.
Atualmente, as conversas entre Sara e Yasmin são feitas pela internet. No Facebook, as meninas trocam mensagens e compartilham fotos uma da outra.
Silvio ressalta que a internet cumpre grande papel na recuperação de pessoas com câncer. “É um lugar que eles podem compartilhar as experiências e saber que não estão sozinhos”, conta.
Atitude de Sara foi resultado de amor e solidariedade, diz pai
Foto: Reprodução/Facebook
Uma das páginas que já divulgou a história das amigas é a “Luta contra o Câncer”. A proprietária da página já entrou em contato com Sara para que as amigas crie uma página na rede social para divulgar a história.
“O objetivo é que todas as pessoas vejam o amor delas e o que essas atitudes podem trazer de bom para quem passa por esse tratamento”, conta o pai de Sara.
Patrícia Pinna 02/02/2014
Boa tarde. Eu chorei enquanto lia a matéria toda. Uma grande generosidade rara de ver hoje em dia. Sara foi muito humana, mas do que estamos acostumados a ver. O câncer é uma doença silenciosa e cruel, necessitando de muito amor por parte do próximo. Essas amigas deram uma grande lição de amor, que hoje está tão banalizado, infelizmente. Desejo que todo o meu coração que a Yasmin fique bem em todos os sentidos, que Deus prolongue os seus dias na Terra. Ambas têm um imenso coração generoso. Muita paz, fé e amor, pois solidariedade já é uma lição vista por todos! Acho muito importante que a história delas seja levada para todos os lugares possíveis, o mundo precisa de AMOR REAL! Fiquem com Deus! Beijos na alma!
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