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Opinião Domingo, 03 de Dezembro de 2017, 07:00 - A | A

Domingo, 03 de Dezembro de 2017, 07h:00 - A | A

Opinião

Sobre a importância dos livros

Por João Paulo Vani*

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Às vésperas dos feriados de final de ano, época em que nos permitimos fazer balanços e planos para o novo ciclo vindouro, nos tornamos saudosos de nossas memórias, dentre as quais, do tempo de colégio. Muitos são capazes de lembrar do nome da primeira professora, dos cenários que compunham o momento de aprender ou até da cartilha das primeiras letras.

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João Paulo Vani

 

É certo que a capacidade de aprender já nasce com cada um de nós e, esse processo natural reflete a necessidade de sobrevivência. Assim, cada ambiente nos obrigará a desenvolver essa ou aquela habilidade, o que acontece também no ambiente escolar, quando acabamos aprendendo melhor aquilo que o nosso professor preferido ensina. Ou será que aquele professor se torna o nosso preferido justamente por ensinar aquilo que gostamos mais?

De acordo com o professor José Moran, docente aposentado da USP, “educar é colaborar para que professores e alunos – nas escolas e organizações – transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional – do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e de trabalho e tornar-se cidadãos realizados e produtivos”. E para isso, muitas vezes é importante que o professor invista na relação com os alunos em sala de aula.

E o livro é, sem dúvida, uma importante ferramenta nesse cenário, um dos ingredientes principais dessa mistura entre o aprender e o ensinar. Didático, ou não, romance ou poesia, os livros tornam a vida mais interessante. E por serem os professores importantes agentes na formação intelectual do indivíduo, são eles que, na maioria das vezes, realizam o papel de incentivar a leitura, de aproximar os alunos dos livros e dos mundos mágicos ali existentes. E essa prática não é nova...

No século XIX, membros da colônia portuguesa envolvidos com as atividades do Real Gabinete Português de Leitura, com o objetivo de atrair mais leitores para um espaço que já caia em esquecimento, fundou o Liceu Literário Português, cujo objetivo era difundir a cultura e oferecer oportunidades de ensino, especialmente para os jovens imigrantes portugueses na cidade do Rio de Janeiro, que em geral chegavam com pouca instrução ao país. A difusão do conhecimento e o fortalecimento da importância da leitura para aquela comunidade foram fundamentais para a criação de um habitus, conceito desenvolvido pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu com o objetivo de esclarecer elementos que permeiam a delicada relação entre indivíduo e sociedade dentro da sociologia estruturalista e está relacionado à capacidade de uma determinada estrutura social ser incorporada pelos agentes por meio de disposições para sentir, pensar e agir.

Motivar a criação de um habitus, como fez o Real Gabinete Português de Leitura ao fundar o Liceu Literário Português pode ser uma decisão indivudual capaz de levar a sociedade a novas escolhas coletivas, como transitar com naturalidade por um espaço de instrução, ou ter prazer na leitura. E, para começar, por que não eleger livros como presentes de Natal?

 

 

*João Paulo Vani

Presidente da Academia Brasileira de Escritores. Doutorando em Letras pela Unesp/SJRio Preto. Mestre em Teoria Literária. e-mail: [email protected]

 

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