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Opinião Quinta-feira, 13 de Julho de 2017, 19:30 - A | A

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Opinião

A retirada da laguna

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Por Pedro Chaves*
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Graças ao talento do escritor e oficial do Exército Brasileiro Alfredo Taunay, autor do belo livro A Retirada da Laguna, publicado em 1871, ficamos sabendo com riqueza de detalhes a agonia que os soldados brasileiros viveram ao longo de quatro meses de confronto com as tropas paraguaias, naquilo que ficou conhecido como A Retirada da Laguna, um dos marcantes episódios da Guerra do Paraguai.

Waldemir Barreto/Agência Senado

Pedro Chaves - Artigo

Pedro Chaves


Em dezembro de 1864 o Exército Paraguaio ocupou as cidades de Corumbá, Nioaque, Miranda e Bela Vista. Na oportunidade se apoderou das riquezas existentes na região, como gado, cavalo, produção agrícola e material bélico.

A rarefeita população civil e militar do sul de Mato Grosso não tinha condições de enfrentar os mais de quatro mil soldados que atacaram cidades e fazendas, em duas colunas, sendo uma pelos rios e outra por terra, ambas fortemente armadas.

A reação do Exército Brasileiro objetivando expulsar a tropa invasora só ocorreu no início de 1867, dois anos depois da ocupação, pois se tratava de uma zona completamente inóspita e de difícil acesso por terra.

O Corpo Expedicionário que veio para o Sul de Mato Grosso para enfrentar os paraguaios contava, inicialmente, com três mil homens, mas, em função de doenças como beribéri, tifo e cólera esse contingente diminuiu drasticamente. Um terço dos homens foi dizimado antes mesmo de entrar em combate.

No dia 21 de abril de 1867, sob o comando do Coronel Carlos Camisão, uma coluna de soldados com poucas informações sobre o inimigo e o terreno que iria desbravar, empreitada equivocada e confusa militarmente, entrou no país vizinho com a esperança de encontrar gado e fazer frente as tropas inimigas.

Como se sabe, infelizmente, a empreitada foi um insucesso. A coluna brasileira não encontrou o gado que desejava e ainda enfrentou a perseguição implacável das forças paraguaias que se encontravam bem alimentadas, entusiasmadas, conheciam o teatro de guerra e dispunham de cavalos e outros equipamentos essenciais para aquele tipo de batalha.

A sequência dos acontecimentos foi uma verdadeira tragédia. Os soldados brasileiros, em retirada para solo nacional, foram atacados pela infantaria inimiga e também por  fome e cólera, bem como pelo frio e chuva em abundância.

Dos poucos mais de mil e setecentos homens que chegaram ao sul de Mato Grosso em janeiro de 1867, apenas setecentos voltaram à margem esquerda do Rio Aquidauana, no dia 16 de junho de 1867, nas terras do bravo Guia Lopes.

Aliás, Guia Lopes cumpriu um papel importante nessa empreitada. Guiou a tropa por lugares desconhecidos dos soldados inimigos evitando que mais gente perecesse. Ele foi casado com Dona Senhorinha Barbosa, destacada fazendeira da região, que ficou presa em Assunção até ser libertada por tropas nacionais ao final do conflito.

Todos os anos acontece celebração feita pelos municípios e pelo Exército com o objetivo de lembrar esse evento.  Nessa segunda semana de julho, por exemplo, nos municípios de Guia Lopes, Nioaque, Jardim e Anastácio acontecerão atividades em homenagem aos heróis anônimos que deram suas vidas em defesa da pátria.

Desejo todo sucesso a essas iniciativas e sou parceiro da proposta dos atores econômicos e culturais desses municípios que desejam explorar o turismo de guerra.

Esse tipo de turismo é uma realidade na Europa e aqui pode ser também. Precisamos gerar renda e empregos com as lembranças, objetos e sítios históricos vinculados de alguma forma a saga da Guerra do Paraguai.

 

 

*Pedro Chaves
Senador da República.

 

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