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Opinião Domingo, 26 de Fevereiro de 2017, 07:00 - A | A

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Opinião

A ausência de "artefatos perigosos" no sítio de Atibaia

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Por Percival Puggina*
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Recebi de leitor uma cópia do relatório da perícia feita no famoso sítio Santa Bárbara, em Atibaia, por seis peritos criminais federais, a pedido da delegada Renata da Silva Rodrigues, da PF do Paraná. A inspeção do local ocorreu em março do ano passado, ocasião em que esse relatório deu origem a várias matérias na imprensa nacional.

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Percival Puggina

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Constato agora, lendo-o, que se trata de documento efetivamente minucioso, com 67 páginas e 88 imagens, cobrindo várias edificações, seus interiores e objetos. A totalidade destes últimos sugere que o uso das dependências era privativo da família do ex-presidente. Nada foi encontrado no local que pudesse ser identificado como de uso pessoal de Jonas Suassuna e Fernando Bittar.  Segundo a defesa de Lula, ambos são os proprietários do sítio.

Confesso que examinei as fotografias movido por uma espécie de voyeurismo político. De que objetos se cercariam, o presidente e a esposa, quando recolhidos àquele isolado reduto? Afinal, é fato sabido: o que acumulamos no nosso entorno ao longo dos anos falam muito de nós mesmos. E o ex-presidente era um assíduo frequentador do Santa Bárbara, tendo ali estado, segundo matéria da IstoÉ, em 111 oportunidades.

Dessa inspeção nas fotografias pode-se concluir que os frequentadores apreciavam a boa mesa, daí ser a cozinha o melhor lugar da casa; a boa bebida, motivo do admirável suprimento da adega; distrações audiovisuais, razão de uma recheada videoteca; e eram pessoas de alguma religiosidade, fato que se deduz da presença de objetos de devoção no dormitório do casal.

Chamou-me a atenção, por fim, um fato tão inédito quanto revelador. Não é possível vislumbrar, em qualquer das fotos tomadas nos diversos imóveis, a existência de um único livro. Nenhum! Nem frei Betto, nem Leonardo Boff, nem Emir Sader. Nem o Pequeno Príncipe ou outro livro velho para uma tarde de chuva. Pelo jeito era proibido o ingresso no local portando "artefatos perigosos". Será que esse surpreendente "não achado"  contribui para identificar o proprietário?

 

 

*Percival Puggina (72)

Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 

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