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Nacional Quinta-feira, 15 de Março de 2018, 18:34 - A | A

Quinta-feira, 15 de Março de 2018, 18h:34 - A | A

VIOLÊNCIA

Morte de vereadora Marielle Franco pode ser investigada pela PF

“Foi um ato covarde”, diz irmã de vereadora assassinada no Rio de Janeiro

Flávio Brito
Capital News

Divulgação/Facebook

Militantes do PSOL-CG realizam ato Ary Coelho em após a morte de vereadora carioca

Marille foi atingida por 4 dos 9 tiros disparados contra ela

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, determinou a abertura de um procedimento instrutório para a possível federalização das investigações sobre a morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), assassinada na noite de ontem (14) no Rio de Janeiro.

 

O procedimento instrutório é uma fase preliminar do processo que pode levar à instauração de um Incidente de Deslocamento de Competência, instrumento pelo meio do qual o Ministério Público Federal (MPF) solicita à Justiça a federalização de algumas investigações.

 

Por meio de nota, Dodge também informou ter feito solicitação formal à Polícia Federal (PF) para que adote providências para investigar o assassinato. Apesar da providência, Dodge disse prestar total apoio ao procurador de Justiça Eduardo Gussen, que comanda o Ministério Público do Rio de Janeiro, na apuração do caso. "O Ministério Público está unido e mobilizado em torno do assunto", diz o texto.

 

Velório 

O corpo da vereadora deixou a Câmara Municipal do Rio às 15h05 (horário de MS), depois de ser velado por cerca de 1h30. A imprensa não teve acesso ao local da cerimônia, que foi reservada aos familiares, amigos próximos, políticos e lideranças comunitárias. Na saída a multidão se concentrou na Cinelândia, em frente à Câmara. O caixão saiu sob intenso aplauso e pedidos de justiça. O enterro será realizado no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, zona portuária.

 

Dor das famílias 

A difícil tarefa de reconhecer o corpo de Marielle coube à irmã, a professora Anielle Silva. Ela chegou por volta das 8h20 no Instituto Médico-Legal (IML) e levou mais de duas horas para concluir o processo de liberação do corpo da parlamentar, conforme reportagem da Agência Brasil.

 

Depois de ter reconhecido o corpo da irmã, Anielle falou com a imprensa. “Infelizmente, ela foi brutalmente assassinada. A gente mais uma vez sendo vítima da violência desse estado, sendo dessa ausência de segurança que a gente tem. Tentaram calar não só 46 mil votos [obtidos por Marielle na última eleição], mas também várias mulheres negras”, lamentou.

 

Segundo ela, o Complexo da Maré, onde Marielle nasceu e viveu parte de sua vida “chora”, assim como o Rio de Janeiro e o Brasil inteiro. “Ela só tinha um ano de mandato, não sei por que incomodava tanto. Não tinha necessidade de ser assim. Foi um ato covarde”, disse. “Marielle era uma pessoa do bem, guerreira, sorridente, que estava lutando muito pelas mulheres negras.”

 

Já o reconhecimento do corpo do motorista de Marielle, Anderson Pedro Soares, que também morreu baleado, ficou a cargo da viúva, Ágatha Arnaus Reis. “A gente já está imerso nisso [na violência]. A gente acaba se acostumando. No final de contas, é mais um. Não sou só eu, são várias pessoas. A revolta fica meio para trás, porque a dor é muito maior”, disse.

 

Anderson Soares trabalhava como motorista para o aplicativo Uber e prestava serviços eventuais como motorista para Marielle. Segundo Ágatha, recentemente, os serviços eram frequentes, porque o marido estava substituindo o motorista oficial, que estava doente.  A vereadora e o motorista que conduzia o veículo em que ela estava com uma assessora foram assassinados a tiros na noite desta quarta-feira, no centro do Rio de Janeiro. Uma assessora de Marielle que também estava no carro sobreviveu ao ataque.

 

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