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Sexta-feira, 19 de Abril de 2019, 12h:48

Alunos de pós-graduação a distância preferem cursos de Humanas

Por Débora Ramos

Da coluna Educação e Carreira
Artigo de responsabilidade do autor

Área também é procurada por pessoas mais velhas e que estão inseridas no mercado de trabalho

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ColunaEducaçãoECarreira

Uma das principais modalidades de ensino do país atualmente, a pós-graduação a distância é preferida pelos estudantes de Humanas. É o que mostra a pesquisa feita pela Associação Brasileira de Ensino a Distância (ABED) a partir das instituições de ensino brasileiras em 2017. A maior oferta de cursos é de Humanas (250), seguida pelas Ciências Sociais Aplicadas (218). Entre os cinco primeiros, ainda estão a área de Turismo e Lazer (97) e Desenvolvimento Educacional (82). Segundo a entidade, os números seguem uma tendência que o mercado já havia encontrado em alguns testes vocacionais.

O documento ainda aponta cursos de pós-graduação a distância nos setores de segurança, comunicação, gestão e negócios, linguística, produção cultural e artística. Da mesma forma, os números da ABED indicam uma maior concentração de matrículas em todos os tipos de ensino a distância nas ciências humanas e nas ciências sociais e aplicadas, com 61.316 e 58.584 alunos, respectivamente. Em número de estudantes, o ranking ainda é completado por outra área de humanas, a de desenvolvimento educacional, com 29.717 em 2016.

Para a entidade, os dados indicam uma tentativa de recolocação no mercado de trabalho após a graduação ou a tentativa de iniciar uma carreira na área. "A maior concentração de alunos está nos cursos que oferecem oportunidades de ingresso em novas profissões que exigem formação: os cursos tecnológicos, de licenciatura e iniciação profissional são aqueles com mais alunos em cursos a distância no Brasil", conclui o relatório.

Outros dados também apontam para essa preferência dos brasileiros para cursos de humanas: nos registros das entidades do país, a maior procura dos candidatos é por Pedagogia, com 25% do total. Em seguida, vem Administração, com 13,7%, e Serviço Social, com 7,4%. O ranking ainda possui os cursos de Gestão de Recursos Humanos, Letras e Gestão Pública.

Para a ABED, a categoria de especialização lato sensu é a que possui mais ofertas de cursos: são 1.098 grades totalmente à distância desse tipo. A modalidade de pós-graduação fica atrás apenas dos que estão cursando uma graduação a distância: hoje, são cerca de 135 mil graduandos em licenciatura e 49 mil pós-graduandos lato sensu.

“Isso se explica pelo fato de os cursos de especialização terem uma variedade muito maior do que as licenciaturas ou os cursos para tecnólogos; portanto, atraem um público mais específico e menor”, diz Benhur Etelberto Gaio, reitor da Uninter e relator do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

Seniors
Para além do crescimento das matrículas e das instituições que oferecem EaD no Brasil, os números também apresentam um fenômeno particular brasileiro: a procura por pós-graduação a distância por pessoas mais velhas. De acordo com a ABED, 49,78% dos alunos matriculados nesse tipo de programa no país em 2015 estava na faixa de 31 a 40 anos, enquanto que, nos cursos presenciais, a vasta maioria de alunos está na faixa de 21 a 30 anos (63,23%).

Os cursos que mais atraem os chamados seniors estão na área de Informática - como tecnologia da informação - e de Administração - como gestão de negócios e planejamento estratégico. "Quem opta por um curso como esse já trabalha na área e busca aprofundar os conhecimentos para ramos específicos", explica Gaio.
 
É o caso do jornalista Omar Bodgan de 31 anos, de São Paulo: com a universidade concluída em 2011, ele acreditou que seria contratado rapidamente no mercado de trabalho com o diploma universitário. No entanto, não encontrou grandes oportunidades e, enquanto atuava em uma agência de marketing, decidiu voltar aos estudos. Se matriculou em uma pós-graduação a distância em marketing, concluída no meio deste ano, quando ele já estava empregado em uma empresa maior. “Foi um diferencial”, revela.
 
Foi também a situação do administrador de empresas Luís Pereira, de São Paulo. “Como hoje trabalho em uma empresa de tecnologia de informação e estou a todo tempo em contato com assuntos específicos do ramo, senti a necessidade de aprofundar meus conhecimentos na área”, finaliza.