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Terça-feira, 14 de Novembro de 2017, 13h:52

Deleção revela pagamento ilícito da JBS e Águas Guariroba ao grupo de André Puccinelli

Organização criminosa chefiada pelo ex-governador recebeu mais de R$ 20 milhões da empresa dos irmãos Batista

Flávio Brito
Capital News

Deurico/Capital News

Deleção revela pagamento ilícito da JBS e Águas Guariroba ao grupo de André Puccinelli

 Em coletiva de imprensa, membros da PF, Receita Federal e CGU explicaram detalhes do esquema

O ex-governador André Puccinelli foi preso preventivamente na manhã desta terça-feira (14), suspeito de “garantir” o funcionamento de uma organização criminosa e ser um dos beneficiários de um esquema de fraudes e lavagem de dinheiro. Os crimes foram apontados pelas investigações da 5º fase da operação Lama Asfáltica, batizada de Papiros de Lama. O esquema foi descoberto com a colaboração de um dos envolvidos no esquema, após a homologação de um acordo conhecido como “delação premiada”. Ivanildo Cunha Miranda confessou ser um dos operadores do esquema que garantia pagamentos ilícitos da JBS e da concessionária Águas Guariroba para o grupo comandado por Puccinelli. Além do ex-governador, foi preso o advogado André Puccinelli Júnior, filho dele, além de Jodascil Gonçalves Lopes e João Paulo Calves. Nesta fase da operação, foram apurados R$ 85 milhões em prejuízos para os cofres públicos. 

 

 

De acordo com o superintende regional da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Cleo Mazzotti, os pagamentos da JBS se referem à concessão irregular de crédito tributário, já revelados pela operação Lava Jato, e superam os R$ 20 milhões. Já a concessionária de água e esgoto de Campo Grande, Águas Guariroba, teria pago entre R$ 3,5 milhões e R$ 5 milhões por meio da falsa concessão de patrocínio e compra de livros de autoria ou organizados pelo filho do ex-governador, Puccinelli Jr. As obras compradas eram doadas ao Instituto Ícones do Direito, que oferece cursos on-line como o preparatório da OAB-MS e nas áreas de direito pena, processual e administrativos. Este tipo de repasse da concessionária de Águas e Esgoto começou em 2011 e duram até este ano. 

 

“A colaboração premiada não pode ser vista como uma prova cabal, ela tem de ser corroborada por outras provas, incluindo outros documentos”, explicou o superintendente da PF. Segundo ele, no caso da JBS, a mesma planilha de pagamento apresentada pelos executivos da empresa, no âmbito da operação Lava Jato, foi a mesma apreendida pela força-tarefa da PF, Receita Federal e CGU, aqui no Estado. Ivanildo contou aos investigadores que o dinheiro da JBS era trazido por ele de São Paulo e Rio de Janeiro, em malas, mochilas e caixas de papelão. As mesmas informações dadas por Joesley e Wesley Batista, em suas delações, e referendadas pela planilha de pagamentos. 

 

No caso da Águas Guariroba, as investigações apontaram que houve a participação de pessoas ligadas à presidência e do setor jurídico da empresa. Além da concessão de patrocínio e da compra e doação de publicações jurídicas. A concessionária realizou pagamentos ao escritório em que André Puccinelli Júnior está vinculado, sem houvesse a comprovação dos serviços prestados. Em um dos casos, foi feito o pagamento de um R$ 1 milhão. 

 

Foi pedido o bloqueio de bens de R$ 160 milhões dos implicados nesta fase da operação Lama Asfáltica, que inclui ainda André Luiz Cance, João Amorim, João Baird, Micherd Jafar Júnior e João Maurício Cance. Os investigados nesta fase também apareceram nas etapas anteriores da investigação e estão ligados às empresas Proteco Construções Ltda., Itel Informática e Gráfica Alvorada.