Terça-feira, 16 de Abril de 2024


ENTREVISTA Quarta-feira, 16 de Maio de 2018, 15:06 - A | A

Quarta-feira, 16 de Maio de 2018, 15h:06 - A | A

ENTREVISTA

Escritora cria universo fantástico para contar história sobre o direito de decidir o próprio destino

"As Cinzas de Altivez", primeira ficção da jornalista Juliana Feliz, se passa em paisagens inspiradas na Europa e retrata a vida de personagens em uma sociedade "militarizada e autoritária"

Esthéfanie Vila Maior e Flavio Brito
Capital News

Juliana Feliz

Escritora cria universo fantástico para contar história sobre o direito de decidir o próprio destino

Após dois anos escrevendo, Juliana Feliz lança sua obra ficcional

 

Nascida em São Paulo (SP) em 05 de dezembro de 1977, Juliana Feliz é mestre em Estudos de Linguagens - Linguística e Semiótica (UFMS), especialista em Imagem e Som (UFMS), bacharel em Comunicação Social - Jornalismo (UFMS) e licenciada em Letras - Língua Portuguesa e Literaturas (UNESA). Vive em Campo Grande (MS) desde 1991, onde atua como professora universitária em cursos de graduação e pós-graduação na área de Comunicação. 

 

Aos 12 anos descobriu o gosto pela escrita, comunicação e literatura. Ela conta que desde nova produzia textos, mas que nunca havia pensado em seguir a profissão. Após dois livros encomendados, surge sua primeira obra ficcional “As Cinzas de Altivez”, que será lançado nesta sexta-feira (18), às 20h, no Fran's Café. O Capital News conversou com a escritora e autora do livro Juliana Feliz.

 

Sinopse do livro

Ordália é um mundo muito parecido com o nosso, mas também diferente. Em uma sociedade campestre, militarizada e autoritária, em que a "Ordem de Verus" tem poder absoluto, as pessoas vivem sob o domínio de regras bastante rígidas, transmitidas desde cedo pela família e reforçadas na escola, que fundamenta os ensinamentos no Ordalium, o Livro Intocável. Ao completar 19 anos, cada jovem tem seu futuro definido como manda o gênero, a linhagem e principalmente os interesses do sistema. O aniversário de Ariadne Ventura está próximo e ela também não terá a chance de escolher o próprio destino. A garota sensitiva de olhos controversos vive em Miraluz, um vilarejo onde a névoa é eterna e os costumes levados à risca. Ao investigar o desaparecimento de Corina Sanchez, uma antiga aluna do Educandário Lucidez, ela chama a atenção do professor Richard Expósito, que mudará sua jornada depois de um encontro secreto. A atmosfera de mistério do enredo captura o leitor para o desfecho de uma trama repleta de fantasia, aventura e fenômenos mágicos.

Juliana Feliz

Escritora cria universo fantástico para contar história sobre o direito de decidir o próprio destino

Livro "As Cinzas de Altivez" será lançado nesta sexta-feira (18)

Capital News - Você já escreveu outros livros antes, mas esta é sua primeira ficção? Pretende continuar no ramo?

Juliana Feliz - Já escrevi dois livros não-ficcionais, [o primeiro] "O sapateiro descalço" conta a trajetória da família Altounian, que fugiu do genocídio armênio e se fixou no Brasil. Em 2017, o livro comemorativo "Celeiro de Fartura", que conta os 40 anos da Famasul - Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul. Pretendo continuar escrevendo, mas, a partir de agora, me dedicar mais à ficção, que é o que mais sinto satisfação em fazer.

 

Capital News - Testou muitos esquemas narrativos até encontrar o seu preferido?

Juliana Feliz - Comecei a escrever, a contar a história. Somente depois, com o livro em andamento e o estudo em paralelo, que comecei a descobrir a minha forma de narrar, que com o tempo certamente irá se desenvolver e se aprimorar.

 

Capital News - Como está o trabalho para garantir a distribuição para todo Brasil? É muito difícil conseguir uma editora?

Juliana Feliz - Inicialmente estou trabalhando de forma independente, vendendo os livros pelo site e enviando pelo correio. Ainda não busquei por editoras, talvez em um segundo momento. Escolhi fazer o primeiro sozinha, para acompanhar todo o processo e aprender fazendo, um desafio que consegui cumprir em todas as etapas de produção.

 

Capital News - Ao longo do período de criação e escrita, você usou as redes sociais para compartilhar com os seguidores essa experiência. Como é o seu processo criativo? Você sempre soube o final da história? 

Juliana Feliz - Foi muito interessante compartilhar com os amigos o processo criativo. É tão intenso que queremos dividir, contar, é como mágica que acontece dentro de nós. No início, não sabia como a história iria acabar. Ao longo da construção narrativa, notei ser importante para mim saber exatamente para onde estava caminhando.

 

Capital News - Como é a construção dos seus personagens? Características físicas, personalidade? Você cria uma data de aniversário para eles? Eles têm hobbies, por exemplo? 

Juliana Feliz - Os personagens são uma mistura de pessoas conhecidas, de arquétipos e de outros personagens que tenho como referência. Às vezes, começo a criar pelo nome. Outros pela vestimenta ou função na história, que é o mais comum. Os personagens principais são mais elaborados, tem marcas de personalidade, trejeitos e forma de agir. Outros são menos profundos e não precisam de tantos detalhes, até mesmo para não fugir do objetivo principal, que é contar a história.

 

Capital News - A criação do universo fantástico onde os personagens vivem foi inspirada em algum lugar? Como foi a construção deste mundo?

Juliana Feliz

Escritora cria universo fantástico para contar história sobre o direito de decidir o próprio destino

"Poço Iniciático" conhecido como "Torre Invertida", localizada na cidade serrana de Sintra, em Portugal

Juliana Feliz - Quando comecei a criar a história não havia um lugar exato, apenas a atmosfera, o clima, o estágio tecnológico. Depois disso, notei que seria fundamental ampliar o universo, já que existe o deslocamento dos personagens ao longo da narrativa, que viajam de um lugar a outro. Foi então que comecei a criar um mundo particular para que a história pudesse acontecer. Busquei referências que combinam com o enredo e com as referências marcadas na história. São, principalmente, os cenários de Portugal, Espanha e Inglaterra, não somente no clima e paisagem, mas também nos nomes das cidades, rios, montanhas e nomes dos personagens. Em janeiro deste ano, visitei os três países para capturar mais algumas impressões pessoais e imagens, que inclusive estão no livro em fotografias que produzi na viagem.

 

O mundo foi uma das etapas mais divertidas de construir, pois tive a oportunidade de dar nomes, de imaginar lugares curiosos que poderia explorar nos outros livros. Foi também onde pude fazer homenagens a amigos usando seus sobrenomes e [utilizar] palavras que, para mim, tem som ou grafia interessantes.

 

Capital News - Como surgiu o nome da obra? No que foi inspirada?

Juliana Feliz - O nome foi algo muito curioso, que nasceu quando estava fazendo uma caminhada no parque pela manhã. A palavra "Altivez" me parecia um sussurro e ao mesmo tempo é muito sonora com um significado interessante. Me remete a uma mistura de "Alcatraz" com "Auschwitz". O nome todo do livro, especialmente "as cinzas", o que ele representa, prefiro que o leitor descubra com a leitura, é um dos mistérios da história.

 

Capital News - O livro possui algumas críticas - como estado militarizado e religião autoritária - ou é apenas “coincidência”? Quais reflexões você quis levar para os leitores?

Juliana Feliz - Sim, existe uma reflexão e críticas de pano de fundo no enredo, que prefiro que os leitores tirem suas conclusões. Não há coincidência, foi tudo planejado para que fosse uma história contada dessa forma e nas cores que ela tem. Por isso mesmo preferi criar um universo paralelo, sem relação com o tempo presente, nem mesmo com cidades ou países existentes em nossa realidade. 

 

Capital News - A obra teve “leitores cobaias”, como foi a reação desse público?

Juliana Feliz - Sim, são os chamados "leitores beta". Foi fundamental a leitura prévia de algumas pessoas ao longo do processo. Para mim, funciona como um termômetro ou uma sinalização se estou no caminho certo e conseguindo cumprir o que me propus a fazer. Esses leitores têm a liberdade de criticar, de sugerir e de dizer se há falhas que o autor na primeira versão não identifica. A maioria gostou bastante do livro e principalmente de dividir comigo o processo de criação.

"O livro tem muito potencial para se transformar em um filme ou mesmo uma série"

 

Capital News - Nesse caminho surgiram ideias para outras histórias? Os leitores podem esperar por uma continuação?

Juliana Feliz - Sim, Ordália ficou grande demais para um livro. O mundo tem espaço para ser explorado na continuação, em formato de saga, ou mesmo uma obra de contos independentes. Já comecei a etapa de pesquisa para a segunda parte da história, que se conclui em partes no primeiro livro, mas que deixa muitas pontas soltas e mistérios para o segundo e, quem sabe, o terceiro volume da série. 

 

Capital News - Universos fantásticos já renderam muitas adaptações para o cinema. Já imaginou sua história materializada nas telonas? Escreveria um roteiro para o Cinzas de Altivez? 

Juliana Feliz - O livro tem muito potencial para se transformar em um filme ou mesmo uma série. Os cenários são incríveis e os personagens muito visuais e cativantes. No processo de escrita e criação de cenas, atmosfera e cenários, eu costumo visualizar a atuação e fala dos personagens como em um filme, depois os descrevo como imaginei. É um processo muito interessante e divertido, mas que demanda referências, pesquisa, estudo e principalmente imaginação.

Juliana Feliz

Escritora cria universo fantástico para contar história sobre o direito de decidir o próprio destino

Mapa do mundo imaginário de "Ordália" foi desenvolvido por Felipe Leoni

Juliana Feliz

Escritora cria universo fantástico para contar história sobre o direito de decidir o próprio destino

Escritora se inspirou em cenários de Portugal, Espanha e Inglaterra para criar universo fantastíco

Juliana Feliz

Escritora cria universo fantástico para contar história sobre o direito de decidir o próprio destino

Escritora se inspirou em cenários de Portugal, Espanha e Inglaterra para criar universo fantastíco

Juliana Feliz

Escritora cria universo fantástico para contar história sobre o direito de decidir o próprio destino

"Poço Iniciático" conhecido como "Torre Invertida", localizada na cidade serrana de Sintra, em Portugal

Comente esta notícia


Colunistas LEIA MAIS