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Cotidiano Quinta-feira, 12 de Abril de 2018, 14:13 - A | A

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Desenvolvimento urbano

“Transporte individual motorizado” virou a prioridade, diz engenheiro civil

Audiência pública discute Plano Direto no contexto da mobilidade urbana em Campo Grande

Flávio Brito
Capital News

Deurico/Capital News

Foto ilustrativa de Trânsito, IPVA

Além do transporte, falta de acessibilidade em todas as áreas do município também esteve na pauta de discussão

A Câmara Municipal de Campo Grande realizou nesta quinta-feira (11) o segundo encontro com a população neste ano de 2018, para discutir o tema mobilidade urbana. Em abril a Câmara Municipal de Campo Grande irá realizar uma série de Audiências Públicas para tratar o Projeto de Lei Complementar 551/201, que dispõe sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Campo Grande. A prioridade dada ao chamado “transporte individual motorizado” e as suas consequências foram debatidas. A falta de acessibilidade em todas as áreas do município também esteve na pauta de discussão. 

 

Atualmente, o projeto de lei tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) com avaliação também nas comissões permanentes de Finanças e Orçamento e Meio Ambiente. Nas audiências, serão analisados todas as sugestões propostas pela sociedade e avaliadas possibilidades de emendas ao texto original.  A previsão é que a votação ocorra em maio. Após a votação o texto retorna ao executivo que tem a prerrogativa de acatar as emendas ou vetá-las.

 

O primeiro palestrante foi engenheiro civil André Dantas, diretor-técnico da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). “Escolhemos dar prioridade ao transporte individual motorizado em detrimento do transporte coletivo, esta é uma escolha que vai contra a lei, que é priorizar primeiro o pedestre, a bicicleta, o cadeirante e depois vem o transporte coletivo motorizado, a consequência disso para todos nós,  na forma mais fácil de visualizar é o congestionamento, que acontece em todos lugares do mundo, mas em magnitude diferente, o congestionamento é a ineficiência, outras consequências que se observam nos últimos anos é uma queda na velocidade na operação do coletivo, algumas cidades é mais rápido andar a pé, o número de passageiros que usam o transporte coletivo sofreu uma queda vertiginosa”, ressaltou.

 

“Nas áreas urbanas há dois sistemas que interagem, o sistema de transporte e o sistema de atividades, que são atividades políticas, econômicas e sociais, o sistema de atividades acontecem, e isso precisa de um sistema de transporte que permita o fluxo de pessoas, o sistema de atividade é representado na prática pelo uso do solo, isso o tempo todo está afetando um ao outro, quanto mais atividades, maior é o uso do sistema de transporte. E, para que isso aconteça de uma forma organizada temos que ter uma gestão urbana”, acrescentou. 

 

Para finalizar sua fala, André Dantas lembrou também que o Plano de Mobilidade Urbana é um instrumento de regra do jogo, de como a mobilidade vai ser traçada, com esse plano, entre outras coisas, se viabiliza ou não o acesso a recursos federais. Nós como comunidade precisamos estar atentos as nossas escolhas e as consequências dessas escolhas”, explicou.

 

Acessibilidade

O procurador de Justiça Evaldo Borges Rodrigues Costa recomendou a construção de uma pista para cadeirantes nas principais avenidas de Campo Grande. “Na avenida Afonso Pena há uma pista para ciclistas, eu recomendo a possibilidade de fazer uma via deste mesmo tipo para os cadeirantes para ter mobilidade nas vias de grande fluxo, pensar em uma fórmula parecida com as  dos ciclistas, citei Afonso Pena, mas seria possível em outros lugares onde tem o canteiro central, com fluxo de interesse maior das pessoas, para facilitar o acesso ao centro, agências bancárias, entre outras atividades. Se fosse possível a construção paralela aos cadeirantes, seria viável”, indicou.

 

A representante do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência, Rosane Martinez, afirmou que vem participado ativamente da revisão do Plano Diretor. “Temos um número muito grande de carros na cidade, somos a oitava Capital que mais tem carro, nós ficamos com as seguinte alternativas: ou nós usamos o transporte público -, porque não temos uma obrigatoriedade cumprida, de que todas as empresas de táxi tem que oferecer 10% de suas frotas adaptadas para deficientes, as empresas de turismo, os transportes rodoviários -, ou compramos nosso veículo adaptado e aumentamos essa frota de carros já saturada”, alegou.

 

O vereador Ademir Santana assegurou a participação da Câmara na construção de um plano para atender todas as demandas. “Mais de 50% da nossa cidade está sem acessibilidade e com irregularidades. Por isso, esse plano está sendo discutido com a comunidade, falta ainda algumas coisas que vamos acrescentar, a Câmara está aqui para contribuir, vamos ajudar que esse plano seja feito da melhor maneira possível”, garantiu.

 

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