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Cotidiano Domingo, 18 de Fevereiro de 2018, 07:29 - A | A

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Hora certa

Fim do horário de verão: pessoas com rotina regrada são mais afetadas

Mudança afeta 10 Estados e o DF; relógio deve ser atrasado em 1 hora

Flávio Brito
Capital News

 

Deurico/Arquivo Capital News

Foto ilustrativa de relógio, horário de verão

Após quase três meses, os relógios devem ser atrasados novamente em uma hora. A mudança, que marca o fim do horário de verão, também provoca alterações no organismo, as quais chegam a causar desconfortos. Segundo a clínica geral e geriatra, Rossana Maria Russo Funari, quem possui uma rotina regrada tende a ser mais afetado.

 

É o que ocorre com a professora de História de Campo Grande, Débora Mosqueira. Além de ter de lidar com as mudanças na própria rotina, ela lembra os efeitos nos alunos. “Os primeiros dias exigem mais paciência, os alunos podem ficar mais sonolentos ou até mesmo mais agitados, e é preciso ter jogo de cintura para não deixar que isso atrapalhe a aula”, explica a professora. 

 

Ter horários certos para se alimentar e dormir torna os processos de adaptação mais difíceis. Segundo a médica, essa quebra na rotina prejudica até mesmo o rendimento do indivíduo.

 

“Se a pessoa costuma acordar muito cedo para trabalhar, a mudança é mais perceptível. No fim do horário de verão, a tendência é dormir mais tarde, enquanto o relógio biológico está 'programado' para acordar mais cedo. Isso prejudica o rendimento”, explica a médica. 

 

Sintomas como sonolência, enxaqueca, dor de estômago e até alteração do apetite podem ocorrer durante o processo de adequação do corpo, que, em média, dura sete dias. Para evitar esses problemas, a especialista indica preparar para dormir no horário de costume e evitar o consumo de bebidas que tirem o sono, como café, refrigerante e alguns tipos de chá que contêm cafeína.

 

De acordo com a médica, não há correlação do fim do horário de verão com os efeitos de um "jetlag", famosa fadiga de viagem ocasionada por mudanças no fuso. Rossana Maria Russo Funari explica que os efeitos são mais suaves e não causam tantas consequências para a maioria das pessoas.

 

“No caso do 'jetlag', temos uma condição menos fisiológica, que é uma consequência de alterações no ritmo circadiano (período de aproximadamente 24 horas), mais intenso em viagens longas em que há grandes mudanças de fuso horário”, completa a geriatra do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, de São Paulo.

 

Economia de energia

O horário de verão foi instituído com o objetivo de economizar energia no país em função do maior aproveitamento do período de luz solar.

 

A medida foi usada pela primeira vez em 1931 e depois em outros anos, sem regularidade. Em 2008, ganhou caráter permanente e passou a vigorar do terceiro domingo de outubro até o terceiro domingo de fevereiro do ano seguinte.

 

O governo federal chegou a avaliar o fim do horário de verão neste ano, depois que um estudo do Ministério de Minas e Energia indicou que o programa vem perdendo efetividade. A análise mostrou que a intensidade de consumo de energia elétrica estava mais ligada à temperatura do que ao horário, com picos nas horas mais quentes do dia.

 

Porém, o Brasil enfrenta um período de estiagem, com hidrelétricas com níveis de água reduzidos, o que vem obrigando o governo a ligar as termelétricas (de operação mais cara) e até mesmo a importar energia de outros países.

 

Em 2018

O presidente Michel Temer acabou editando um decreto que reduz a duração do horário de verão, e não o elimina. Assim, neste ano, ele começará em 4 de novembro, um fim de semana após o segundo turno das eleições, marcado para 28 de outubro.

 

A mudança foi um pedido do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, para evitar atrasos na apuração dos votos e na divulgação dos resultados do pleito. Um dos exemplos citados pelo tribunal foi o Acre, onde as urnas são fechadas três horas depois de a contagem de votos já ter sido iniciada nas regiões Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste.

 

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