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ENTREVISTA Segunda-feira, 29 de Junho de 2015, 08:51 - A | A

Segunda-feira, 29 de Junho de 2015, 08h:51 - A | A

Meio Ambiente

Campo Grande recebe segunda etapa da Coleta Seletiva de Lixo

A partir de hoje duas regiões da estarão com os caminhões fazendo a Coleta Seletiva em horários e dias diferenciados em relação ao recolhimento normal

Alberto Gonçalves
Capital News

Deurico/Capital News

Coleta Seletiva de lixo

Superintendente Executivo da Solurb, Elcio Terra, mostra mapa da nova etapa da Coleta seletiva

A cidade de Campo Grande começa a receber a coleta seletiva de lixos em mais duas regiões, totalizando três áreas de cobertura, a partir desta segunda-feira (29). O superintende Executivo da Solurb, empresa responsável pela coleta, explica que em até três anos a cobertura vai abranger todo o município.


Em entrevista ao Capital News, Elcio Terra explica os detalhes de como a população pode contribuir durante o processo de coleta seletiva e deu detalhes sobre a importância do sistema.

Capital News - A primeira etapa começou ainda na época do ex-prefeito Nelsinho Trad. Agora vem a segunda parte da coleta seletiva de lixo. O que é essa etapa?

Elcio Terra – Pela Solurb, a cidade de Campo Grande foi dividida em nove regiões. A primeira delas nós iniciamos junto com nosso contrato de prestação de serviço executando a coleta. Agora entraremos com mais duas regiões. Existe um cronograma de programação que aproximadamente em dois anos e meio a três anos, fecharemos todas ou regiões, ou seja, toda a cidade passa a ser atendida pela coleta seletiva de lixo. Então será um prazo de implantação a cada seis meses.
Por que isso não foi feito antes, você me perguntaria. Justamente por conta da UTR (Usina de Triagem de Resíduos). Você tem de fazer a coleta seletiva e levar o material para ser separado. Como o pessoal já estava trabalhando, mas sem muita estrutura, pois a obra ainda não tinha sido terminada e muito menos aparelhada, isso atrasou a implantação de outras regiões. Mas com a previsão de inauguração da UTR agora para o mês de julho, nós começamos a expandir a coleta. Então iniciaremos essa segunda etapa. Mas isso leva um tempo de adequação, porque entraremos com a educação ambiental naquela região, panfletos, carros de som, mídia, todo o preparativo para preparar os moradores daquela região na separação do lixo. Tem também a distribuição do saquinho verde para a coleta.


Essa etapa, até obter o resultado esperado de conscientização, deve demorar umas três semanas, coincidindo com o funcionamento da UTR, então nós antecipamos a coleta para ficar junto da operação da Usina.


CN - A primeira etapa onde acontece?


Elcio Terra - É a região número 1, com bairros muito extensos, a chamada área nobre da cidade como Carandá Bosque, Vilas Boas, São Bento. São bairros de poder aquisitivo altos. Pode se dizer que os recicláveis geram em maior quantidade onde o poder aquisitivo é mais alto. Porque o reciclável geralmente é fruto de embalagens, como latinhas de alumínio, caixas de papelão de vários produtos, vidros descartáveis.

Deurico/Capital News

Coleta Seletiva de lixo

Superintendente Executivo da Solurb Elcio Terra


CN - Nessa segunda etapa quais os principais bairros?
 
Elcio Terra – Para se ter uma ideia, essa segunda etapa abrange, por exemplo, aqui na região do Planalto, Vila Sobrinho, Jardim Paulista, Jardim América, Jóquei Clube, Taquarussu, Bandeirantes, Amambaí, todas também grandes regiões.


CN – O que caberá ao morador para contribuir nessa coleta seletiva?


Elcio Terra – A campanha que a gente faz, basicamente orienta a separar o seco do molhado, ou orgânicos de inorgânicos, que é a linguagem usual e mais fácil de ser entendida. Mais simples do que falar: Separem papel branco do papel colorido, plástico transparente ou não. Então, quando há essa separação do seco e do molhado, orgânico e inorgânico, qual é o grande ‘pulo do gato’? Você tem um material não contaminado. Tecnicamente para nós, o material contaminado é aquele que teve contato com a matéria orgânica. Na coleta convencional, você coloca tudo junto e a matéria orgânica contamina os materiais que poderiam ser recicláveis e, com isso ele perde valor de comercialização.


CN – Orgânico, para se entender, seria resto de comida?


Elcio Terra – Sim resto de comida, fezes de animais, até lixo de banheiro como papel higiênico é considerado orgânico. Além de poda de árvore, terra. Neste caso quando a pessoa varre um quintal sobra um pouquinho de terra, folha, e isso é considerado orgânico e vai contaminar.

 

CN – Então não há necessidade de separar, por exemplo, vidros, plástico, papel, alumínio, ou outros como se propaga?

Deurico/Capital News

Coleta Seletiva de lixo

Lixo recolhido vaia para triagem


Elcio Terra – Na verdade não. Você separa tudo o que é reciclável em um saquinho verde, que é distribuído e, no momento da coleta essa sacolinha é retirada e entregue outra para a próxima coleta.


CN – Essas sacolas são equivalente a de supermercados? Ela não poderia de alguma maneira ser distribuída nos mercados, embora já teve um tempo em que havia uma diferenciação, mas não havia coleta seletiva?


Elcio Terra – Para ela ser distribuída em mercados ela tem de ter duas cores obrigatoriamente. A verde foi adotada em todas as cidades para recolhimento de reciclável e a branca de matéria orgânica. É uma boa sugestão aos vereadores para criarem uma Lei Municipal a esse respeito.

CN – Na questão de usina de reciclagem? Campo Grande tem alguma para que esse material seja encaminhado?


Elcio Terra – Nós vamos inaugura a Usina de Triagem, que vai separar os tipos de materiais recicláveis, ou seja, papel pra cá, vidro pra lá, alumínio e, que depois é prensado e vendido todo separado. Usina mesmo de reciclagem têm empresas particulares que não sei como anda o trabalho, mas eles pegam o material reciclável e transformam em matéria prima novamente. São empresas privadas e não têm qualquer ligação comercial conosco.

CN – Existe a possibilidade de haver uma usina de reciclagem pública em Campo Grande?

Deurico/Capital News

Coleta Seletiva de lixo

Lixo recolhido vaia para triagem

Elcio Terra – Acredito que não há essa possibilidade, até pelo porte da cidade e porque o grande centro consumidor das matérias primas recicladas está em São Paulo. Na maioria são os fabricantes de embalagens. Aqui em Campo Grande, as usinas que conheço de reciclagem de plástico, transformam o material em sacos plásticos de lixo. Inclusive compramos deles também. São aqueles sacos de cor marrom usado após a varrição de ruas da cidade. Eles fazem também mangueiras para duto, onde passam fios.


CN – Qual o papel das associações de catadores, se é que existem, como elas estão e funcionam?


Elcio Terra – Temos hoje em Campo Grande uma associação de catadores e duas cooperativas, todas já estão trabalhando lá na UTR, mesmo de forma parcial.


CN – Reciclagem é um negócio rentável, economicamente como funciona e como se organizar para ganhar dinheiro?


Elcio Terra – Uma parte é rentável e outra nem um pouco. A fatia que é de competência do município, que hoje parte dela é exercida pela Solurb, esta é onerosa. É o trabalho de fazer a coleta seletiva, realizar a triagem do material até a hora da comercialização. Essa parte é totalmente onerosa. Isso porque você tem de bancar a coleta seletiva, a UTR, e não só de equipamentos, mas de obra e manutenção desse equipamento usado, e ainda o gasto de energia que é alto. Então, toda essa parte, que pode ser chamada de trabalho social, ela é totalmente subsidiada. Agora aquela parte do atravessador e da usina, que particularmente não conheço muito bem, essa parte do negócio é lucrativa. Isso porque toda a parte do negócio para selecionar o material e chegar pronto para ser comprado, já foi subsidiado totalmente esse processo. Desde a coleta seletiva, triagem e enfardamento do material. Quando chega na outra ponta, o empresário compra aquele material e transforma em matéria prima. Então esta é a parte do negócio que dá dinheiro, mas geralmente fica com a iniciativa privada.


CN – Mas as cooperativas não podem se organizar e buscar financiamentos até mesmo do governo, para então fazer o processo final da usina e obter lucro?

Deurico/Capital News

Coleta Seletiva de lixo

Lixo recolhido vaia para triagem


Elcio Terra – Aí seria perfeito, porque hoje eles ganham basicamente pela separação e o enfardamento. Agora, se tiverem a usina também vai ter uma renda bem maior. Mas para isso teria de se buscar o recurso que acredito até existir disponível pelo governo federal. Mas também de buscar o conhecimento, a capacitação para o processo operacional, e também administrativo e financeiro do negócio.


CN – Nós vemos muitas pessoas pelas ruas pegando latinhas e outros materiais recicláveis, elas podem trabalhar na UTR?


Elcio Terra – O correto, já que nós faremos a coleta, é esse pessoal trabalhar lá na UTR, pois é lá que vai acontecer a segregação do material. Agora, ele trabalhando de forma isolada é ruim porque será uma produção pequena, além do que essa pessoa terá que guardar esse material, seja no fundo de casa ou em outro local, e vai ter na verdade um mini lixão para armazenar o material. Isso indicustívelmente vai gerar vetores, formigas, baratas, ratos etc. Como nós orientamos? Usou por exemplo uma garrafa ou lata de suco, ou outro descartável, lave o material e põe para a coleta seletiva. Mas nem todos lavam e, se o catador avulso guardar dentro de casa ou quinta, isso vai atrair doenças, dengue, todos os vetores. Essa não é a forma correta.


Na Usina, como o volume é acentuado, então gira muito rápido e tem plano de controle de vetores.


CN – Como é o trabalho na UTR e em média quanto se ganha, como funciona a revenda do material?

 

Elcio Terra – A operação da UTR é 100% cooperativa, não é a Solurb que fará essa operação.  Hoje existe um pessoal trabalhando, mas de forma deficitária. Lá tem um lugar certo para o caminhão da coleta seletiva descarregar, que é coberto evitando chuva. Ao descarregar, joga-se em uma moega que posteriormente cai na esteira. A partir daí é separado por tipo de material e, cada um tem sua função, ou seja, esse pessoal só pega o papel, aquele alumínio e assim por diante.


Assim dá uma produtividade muito grande e 100% do material que eles comercializam ficam para eles. A Solurb apenas subsidia o trabalho realizado. Segundo eles, em média cada trabalhador recebe de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil, variando.


CN – O morador separou os dois sacos de lixo, o verde e o outro. Ma como coloco, os dois para o caminhão recolher?


Elcio Terra – Obrigatoriamente o recolhimento da coleta seletiva será em dia separado da coleta normal. Digamos em uma região em que o recolhimento é à noite, a seletiva então será durante o dia e vice e versa. Naqueles locais em que alternam os dias da semana, a coleta seletiva será apenas em um dia da semana, mas diferente do período onde se pega o lixo normal. Não irá coincidir a coleta seletiva com o recolhimento normal. Esse calendário será perviamente comunicado a todos os moradores onde for implantada a coleta.


CN – Hoje, se o morador coloca algum material que não usa mais, como móvel ou outro produto, o caminhão não recolhe. Tem solução para isso?


Elcio Terra – Esse é um problema que a prefeitura tem. Aqui em Campo Grande não existe um aterro ou uma central de triagem para receber entulhos e volumosos. E agora tem os chamados tecnológicos, como televisores, computadores, etc. Na política nacional de resíduos sólidos existe a política reversa. O Estado seja ele, municipal, estadual ou federal, terá de manter acordos setoriais com os fabricantes desses materiais tecnológicos. Mas infelizmente os gestores públicos ainda não se organizaram nesse sentido. Os materiais tecnológicos cabem aos fabricantes recolherem, e tudo é reciclável.


Outro exemplo é o entulho de obras, precisa haver um local específico para armazenar e ser feito a ‘política reversa’ de volumosos, sofás, móveis. Tem de haver também um local próprio para descarte de poda de árvore, que após ser triturada pode virar combustível em usina. Esse lado tem de ser focado e não está sob a competência da Solurb. É um investimento, mas também é uma fonte de renda.

 

 

CN – Em relação ao lixo orgânico, o que acontece com ele?


Elcio Terra – Ele é tratado como rejeito. Na coleta seletiva já não vai orgânico. Mas imaginemos que na sacola veio uma caixa de pizza. Ela não dá reciclagem e é tratada como orgânica. Mesmo porque é um material altamente contaminado por estar com muita gordura, assim é considerada como rejeito. Todo o rejeito, inclusive o orgânico é aterrado. Mas você conseguindo separar o material reciclável, vai gerar emprego e renda, como diminuir o material que vai para ser aterrado. E, consequentemente você aumenta a vida útil do aterro e demora muito mais tempo para ter de impactar outra área e fazer outro aterro. Por mais que aterro atenda às normas legais de não poluir o ambiente, ele causa impacto.

Divulgação/PMCG

Coleta seletiva de lixo

Usina de Triagem de Resíduos

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Maria Amália 02/08/2015

Realmente, eu coloco o saco verde com os meus recicláveis e os catadores informais passam, rasgam o saco e tiram o que interessa e deixa a maior bagunça na lixeira. E é um pessoal bastante agressivo, que xingam e nem ligam para o que falamos a eles.

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Rodolfo 29/06/2015

E quanto aos catadores informais que passam antes e rasgam todo pacote para catar as de latinhas e outros materiais que lhes interessam ??? Vão tornar a pratica proibida ??? Porque se a gente reclama no ato, falta só virem pra cima.

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2 comentários

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