Deurico Ramos / Capital News
Universitários de diversos cursos participaram do protesto na Avenida Eduardo Elias Zahran
Alunos de diversos cursos da Faculdade Estácio de Sá de Campo Grande realizaram protesto contra a demissão em massa de professores, mesmo durante o período de aulas. Os estudantes ameaçam abandonar a instituição e terminar a graduação em outras universidades.
Um grupo de universitários interrompeu o trânsito na Avenida Eduardo Elias Zahran por volta das 20h da noite desta terça-feira (12). Nos cartazes, estavam escritas frases como “Luto Estácio”, “Queremos os professores de volta” e “Buzine pela Educação”. Os estudantes gritavam “Educação não é mercadoria”.
A estudante de enfermagem, Fernanda Souto de Oliveira, revela que a demissão foi de docentes que trabalhavam há muito tempo na Estácio de Sá e de doutores, devido ao custo que representam para a instituição. “Eles não tiveram respeito algum pelos estudantes. Não escolhemos uma faculdade a toa, pesquisamos antes sobre os professores e currículos deles. A estácio simplesmente fez isso, como se não nos afetasse, como se não fossemos nada. Nós quem mantemos a instituição com as portas abertas”, explica.
O estudante do último ano de fármacia, Diego Silva Benevides, conta que a faculdade demitiu orientadores de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC). “Eles demitiram professores que estavam orientando alunos com projeto de TCC. A gente paga pela Estácio de Sá e eles não foram responsáveis conosco. Não sabemos como vai ser ano que vem, se os novos professores terão a mesma qualificação” ressalta.
Um professor da unidade de Campo Grande afirma que “a demissão em massa na Estácio é resultado direto da política de retrocesso nos direitos trabalhistas promovida pelo Governo Temer. Lamentável. E o mais triste é que muitos professores que perderam seus empregos defendiam veementemente a derrubada da ex-presidente Dilma. Agora cederão seus lugares para profissionais que se sujeitarão a trabalhar por menores salários e menos direitos”. A Reforma Trabalhista entrou em vigor no dia 11 de novembro.
Entenda o caso
A Estácio de Sá, segunda maior rede privada de ensino superior do País, vai demitir este mês 1,2 mil professores de seu quadro de 10 mil docentes. Oficialmente, a empresa confirma as demissões, mas não o número de profissionais desligados. E garante que um contingente muito parecido deve ser contratado no ano que vem. A universidade explicou ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que os salários estavam inviabilizando a atividade da empresa, e que as demissões fazem parte de um remanejamento interno.
A juíza Ana Larissa Lopes Caraciki, do Tribunal Regional do Trabalho 1ª região, concedeu na última quinta-feira (07), uma liminar que obrigava a Estácio a suspender a demissão de professores no Rio de Janeiro, onde está a maior parte das unidades da instituição. A ação civil pública, impetrada pelo Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região, fica limitada ao Rio de Janeiro, e os municípios fluminenses de Itaguaí, Paracambi e Seropédica.
A Faculdade Estácio de Sá recorreu a liminar. O desembargador do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro, José Geraldo Fonseca, deferiu a liminar que suspendia as demissões das unidades no Rio de Janeiro. Com a decisão judicial, a instituição poderá dar prosseguimento à sua reestruturação anunciada em nota oficial.
Nota oficial
"O Grupo Estácio promoveu, ao fim do segundo semestre letivo de 2017, uma reorganização em sua base de docentes. O processo envolveu o desligamento de profissionais da área de ensino do Grupo e o lançamento de um cadastro reserva de docentes para atender possíveis demandas nos próximos semestres, de acordo com as evoluções curriculares. É importante ressaltar que todos os profissionais que vierem a integrar o quadro da Estácio serão contratados pelo regime CLT, conforme é padrão no Grupo. A reorganização tem como objetivo manter a sustentabilidade da instituição e foi realizada dentro dos princípios do órgão regulatório. A Estácio segue comprometida com sua missão de Educar para Transformar, oferecendo educação de qualidade a seus alunos em todo o País."