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Cotidiano Sexta-feira, 15 de Setembro de 2017, 13:33 - A | A

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“Cadafalso”

Acusada de induzir a “lascívia”, artista diz que vai se defender e continuar lutando

Alexandro Cunha Ropre está sendo alvo de investigação depois que parlamentares do Estado registrarem boletim de ocorrência contra conteúdo de exposição

Flávio Brito
Capital News

MARCO/FCMS/Divulgação

Deputados registram B.O. contra conteúdo de exposição por “induzir a pedofilia”

Imagens foram consideradas “agressivas a moral e os bons costumes”

Reprodução/Atelier

Deputados registram B.O. contra conteúdo de exposição por “induzir a pedofilia”

Obra apreendida pela polícia

O quadro apreendido da exposição “Cadafalso” nesta quinta-feira (14) ficará a disposição Justiça, depois de ter passado por perícia. De acordo com o delegado Fábio Sampaio da Delegacia Especializada de Proteção a Criança e ao Adolescente (DEPCA), o quadro induz a lascívia. “Na imagem você tem a figura de um homem adulto, onde aparece seu órgão genital e uma criação”, descreve o delegado. Segundo ele, a conotação sexual da imagem induz a “lascívia” e “quando se expõe isso, se faz apologia ao crime”. O termino da exposição está marcado para o dia 17.

Todos os envolvidos na montagem da exposição no Museu de Arte Contemporânea (MARCO) serão ouvidos pelo delegado, incluindo a artista mineira Alessandra Cunha Ropre. A Polícia Civil ainda não divulgou a data em que a artista será ouvida. “Cada uma [das obras] chama atenção para um tipo de comportamento dentro do ‘sistema machista’. Sendo assim, temos vários títulos questionadores e que denunciam alguma situação de violência, opressão e submissão social. E, na imagem que ofendeu aos homens políticos, não há nada obsceno. Trata-se de uma criança estilizada, de olhos arregalados, no meio de dois homens com seus órgãos sexuais eretos. Não é apologia, é denuncia. É um grito silencioso, porém colorido, de que isso acontece na nossa sociedade”, disse Alessandra, em entrevista ao jornal O Beltrano, de Belo Horizonte.


“Os políticos aproveitaram o momento para se promover usando a arte. Faltando três dias para o encerramento da exposição, vemos que não são culturalmente informados, e se aproveitam para ‘mostrar serviço’, questionando um comportamento denunciado nas artes. Pretendo tomar as atitudes cabíveis, consultar advogados e me defender. Continuar lutando pela liberdade de expressão sempre e contra o machismo, a intolerância e todas as outras injustiças sociais”, disse Ropre, na entrevista a publicação mineira.

Já durante a sessão desta quinta-feira (14), os deputados se posicionaram contrários a exposição. Dr. Paulo Siufi (PMDB) disse que as imagens estimulam a pornografia. “Justamente em um momento tão conturbado, em que vemos tantas crianças com 11 anos sendo mães, temos essas imagens, de mentes poluídas. Uma verdadeira 'porcariada'“, disparou o parlamentar. Ele foi à tribuna da Casa de Leis e criticou a utilização de recursos públicos para viabilizar as exposições. “Irei ao Ministério Público Estadual e também quero saber quem colocou aquelas obras lá”, reiterou o parlamentar, conforme noticiado ontem.

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