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Reportagem Especial Terça-feira, 08 de Dezembro de 2009, 11:41 - A | A

Terça-feira, 08 de Dezembro de 2009, 11h:41 - A | A

Irmã abre as portas do Lar das Crianças com HIV e mostra as dificuldades enfrentadas no dia-a-dia

Nadia Nadalo - estagiária - Capital News (www.capitalnews.com.br)

As despesas em dinheiro, fora o que precisa ser arrecadado em alimentos, materiais de limpeza, e tudo o que garante a sobrevivência do Lar das Crianças com HIV/Aids na Capital chegam a mais de R$ 20 mil por mês. Segundo a irmã Madalena, diretora da Afrangel (Associação Franciscana Angelinas), que cuida do local há dez anos, tudo provém de doações feitas por pessoas de “bom coração”.

Em um prédio próprio, especialmente bem cuidado e aconchegante, irmã Madalena conta à reportagem do Capital News as dificuldades que o Lar enfrenta para cuidar diariamente de 29 crianças entre zero e 13 anos, portadoras do vírus HIV e suas famílias. Segundo a diretora, a crise enfrentada mundialmente este ano também afetou as doações, deixando o estabelecimento sem condições para pagar os funcionários e profissionais da saúde que atendem as crianças.

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Ambiente transmite calma em momentos difíceis
Foto: Deurico/Capital News


Dia-a-dia

A rotina das quatro irmãs que cuidam do local começa muito cedo, antes das 5 horas da manhã. “As crianças que moram em Campo Grande, as irmãs passam às 5 horas nos terminais para pegá-las, dão café e aí levam as que estudam para as escolas. As que moram no interior passam a semana aqui conosco. Às 11h30, elas chegam do colégio, umas têm remédio para tomar, aí almoçam, descansam e depois vão para as atividades diversificadas”, explica irmã Madalena.

O Lar possui consultório odontológico, médico, sala de fisioterapia, psicologia, brinquedoteca, sala de informática e outros cômodos para o bem-estar das crianças, porém, para que tudo possa funcionar precisa dos profissionais, um dos maiores problemas enfrentados atualmente. “Têm funcionários que são voluntários, mas os de limpeza, a monitora que fica com as crianças, e alguns da saúde tem que pagar, porque mais de duas vezes por semana, quatro horas já é vínculo empregatício”.

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Sala odontológica foi doada pelo Rotary Clube. Dentista atual é voluntária
Foto: Deurico/Capital News


Irmã Madalena diz que as aulas de informática são dadas por elas mesmas, as de artesanato e capoeira por voluntários, que continuaram lá, mesmo sem poder receber. Já no caso dos médicos, somente o voluntariado não resolve os problemas das crianças.

“Têm médicos que deixam de atender um dia no Hospital Dia e vêm atender aqui. Eles são voluntários e pagos pela graça de Deus”, diz, mas informa que a falta de profissionais disponíveis compromete o tratamento, como no caso da fisioterapeuta, que é voluntária e que atende quatro horas por semana, o suficiente para quatro das 29 crianças.

“Todas precisam porque essa doença debilita outras coisas, como as pernas. Então a fisioterapia é uma forma de prevenção, mas nesse caso está sendo feita como prioridade para os casos mais críticos”, diz.

Outro problema sério é a falta de um dos principais profissionais quando se trata desta doença, muitas vezes acompanhado do preconceito: o psicólogo. A irmã conta que tinha uma psicóloga “muito boa”, porém, teve que demiti-la por não poder pagar seu salário. “Eles perdem pai, mãe, tios. A doença é devastadora, e a psicóloga é o braço direito da casa”.

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Irmã mostra sala da psicóloga, toda equipada, porém sem profissional
Foto: Deurico/Capital News

Além disso, falta ainda fonoaudióloga, dentista que é voluntária e ajuda para pagar a assistente social, que voltou a ser contratada há pouco tempo, para fazer o acompanhamento no Lar das Crianças.

Arrecadação

Os gastos não param por aí. Todos os meses, o Lar recebe da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), os coquetéis para o tratamento. Porém, a irmã diz que a dosagem é de adultos, o que leva a ter mais despesas com a manipulação para uso em crianças. “Toda despesa é despesa, ainda mais que estamos no vermelho. As autoridades têm que começar a pensar que criança também tem a doença.”

Para tentar melhorar a condição do Lar, irmã Madalena criou a campanha  “Apadrinhe uma Criança”, onde as pessoas podem doar quantias que variam de R$ 10,00 a R$ 50,00 mensais, para ajudar a manter os funcionários e a pagar as despesas, como os passes de ônibus, que não são gratuitos. O dinheiro pode ser depositado na agência 2959-9, conta-corrente 22.198-8, Banco do Brasil, Campo Grande- MS.

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Irmã tenta criar alternativas para aumentar as doações
Foto: Deurico/Capital News


Segundo a administradora da casa, o Lar está firmando parceria com a Rede de Supermercados Comper, para participar da Campanha Troco Solidário e também da sacola do Fort Atacadista, onde uma porcentagem é da instituição.

Ajuda


Irmã Madalena diz que além das 29 crianças, o Lar ajuda 115 famílias que possuem o vírus, com a doação de uma Cesta Básica. “Eles não são atendidos aqui porque com a graça de Deus eles não desenvolveram o vírus, só a mãe e o pai possuem, então, fazemos o acompanhamento em casa.”

Ela explica que a alimentação é um dos fatores principais no tratamento. “A alimentação salva muita coisa, porque se não comer a pessoa fica debilitada, e aí as doenças oportunistas tomam conta.”

A irmã diz que toda a sociedade pode ajudar: “Se você conhece uma família que tem um portador de HIV, ligue para nós.”

Socorro

Irmã Madalena informou que todas as doações são bem-vindas, porque o Lar é “imprevisível”. No entanto, se comoveu com a história de uma menina de 13 anos, que está muito debilitada e por isso é atendida em casa, para não ter que enfrentar as viagens até o Lar. “Quando uma pessoa não sabe o que fazer, peço para ela pagar um plano de saúde para uma das crianças, porque horas na fila do SUS [Sistema Único de Saúde] pode matar. Tem uma menina que está em estado grave e precisa de alguém que pague para salvá-la.”

Sonhos

No terreno onde foi construído o Lar, existe um pátio grande, no qual irmã Madalena sonha construir um salão para festas, um quiosque e um parquinho. Segundo ela, há quatro semanas, entrou em contato com a Prefeitura, para que fosse buscar os entulhos, mas, até o momento, ninguém foi retirá-los.

A irmã mostra o parquinho que ganhou, e que está esperando para ser montado, quando o lixo for retirado do quintal: “Para mim, crianças têm que brincar.”

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Terreno onde irmã tem sonhos de ampliar a instituição
Foto: Deurico/Capital News

As doações para o Lar das Crianças com HIV/Aids devem ser enviadas para a rua Seminário, 2.170, bairro Jardim Seminário, Campo grande, Mato Grosso do Sul.

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Associação Franciscana Angelinas – Lar das Crianças com HIV-Aids (Afrangel )
Foto: Deurico/Capital News

 

Por: Nadia Nadalon-estagiária (www.capitalnews.com.br)

  Veja também:

   Irmã pede ajuda para menina que vive no Lar

 

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esmenia geralda dias 02/12/2010

Parabéns pela matéria. O lugar é muito bonito, as irmãs são anjos para aquelas crianças e famílias. Conheci o local e merece todo nosso empenho para ajudar. Vamos divulgar, usaremos o e-mail para o bem. Bom dia.

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