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Viagens Quinta-feira, 27 de Junho de 2019, 12:09 - A | A

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Coluna Viagens

Três festas tradicionais de São Paulo para conhecer a partir de julho

Por Raphael Granucci

Da coluna Viagens
Artigo de responsabilidade do autor

Da festa dos namorados do Japão à Nossa Senhora de Achiropita, metrópole terá inverno repleto de eventos típicos dos migrantes paulistanos

Divulgação

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A Polícia Federal brasileira divulgou recentemente que ao menos uma pessoa de cada país do planeta reconhecido pelas Nações Unidas (194 membros) vive em São Paulo.

Embora a migração não tenha sido predominante nos últimos anos, a variedade da população se deve às ondas migratórias que começaram na segunda metade do século XX, como a de libaneses, italianos e japoneses. Isso se expressa também nos bairros da cidade: o Bexiga é uma região tipicamente italiana -- onde se pode comer as melhores massas da metrópole --, enquanto a Liberdade é repleta de restaurantes asiáticos. Nos últimos anos, cresceu também a comunidade sul-americana em São Paulo, como bolivianos (que se encontram todos os domingos na Praça Kantuta, no Pari, na região Oeste) e colombianos.

"Sampa", como é carinhosamente chamada pelos seus habitantes, faz parte daquele rol de cidades (como Londres, na Inglaterra, Paris, na França, e Toronto, no Canadá) que tentam colocar o mundo inteiro dentro delas. As sucessivas ondas de migrantes levam aos seus territórios um pedaço de suas próprias culturas, fazendo marcas em seus novos ambientes por meio de incríveis restaurantes, festivais e cenas artísticas.

As comunidades migrantes em São Paulo colaboraram e até hoje atuam na indústria, no trabalho e na economia da cidade (há passagens aéreas da Azul esboçadas especialmente para acompanhar festas tradicionais) mas também influenciam a arquitetura, a gastronomia e o folclore, com a organização de suas festas típicas, repletas de comidas, danças, tradições e até idiomas próprios.

Todas elas são atrações fundamentais para tentar compreender a cidade mais populosa da América do Sul. A seguir, indicamos três festas tradicionais ligadas às comunidades migrantes que devem acontecer a partir de julho.

Tanabata Matsuri -- Julho
Uma das comunidades estrangeiras mais antigas da cidade – e uma das histórias migratórias mais velhas do Brasil –, São Paulo possui hoje 47.317 japoneses. É a maior comunidade com ascendência nipônica fora do Japão.

A presença de japoneses se concentrou no bairro da Liberdade, no centro paulistano, hoje famoso também pelo volume de pessoas de outros países da Ásia, como China e Coreia do Sul. Nas ruas da região, são organizados eventos como o Nikkey Matsuri, um festival da cultura japonesa, e o Hanamatsuri, conhecido como “Festa das Flores”. Porém, o evento mais importante é o Tanabata Matsuri, organizado há mais de mil anos no Japão e desde a chegada dos imigrantes do país à cidade.

O Tanabata Matsuri é uma festa folclórica baseada na história de amor de uma princesa, Orihime, e um pastor, Hikoboshi, que acaba com um fim quase completamente trágico: castigados por abandonarem seus afazeres com uma separação entre vias lácteas, eles podem se encontrar uma vez por ano em algum dia de julho. Em São Paulo, essa data é geralmente o terceiro fim de semana do mês.

Os principais atrativos da festa são a presença de cantores japoneses, apresentações culturais, danças, comidas típicas e o enfeite das ruas do bairro com folhas de bambu e papéis coloridos chamados de tanzakus.

Independência boliviana -- Agosto
Nos últimos anos, o número de bolivianos em São Paulo dobrou. Entre 2000 e 2010, a presença de imigrantes oriundos do país vizinho aumentou 173%, segundo dados do censo da cidade. A contagem oficial indica que, atualmente, 53.235 cidadãos da Bolívia vivem legalmente em São Paulo – desde 2013, é a segunda maior comunidade estrangeira da metrópole. Números extraoficiais indicam que possam existir até 350 mil bolivianos, contando também os ilegais.

As festas bolivianas costumam reunir milhares de pessoas em bairros distintos e até na região metropolitana, como Guarulhos. A mais importante delas é a da independência do país, comemorada todo dia 6 de agosto, geralmente no Memorial da América Latina, na Barra Funda. Em 2017, cerca de 7 mil pessoas compareceram ao encontro, que tem danças folclóricas, shows, comidas típicas e comércio de artesanato, além de procissões religiosas tradicionais.

Nossa Senhora da Achiropita -- Agosto
A quarta maior comunidade de São Paulo, a da Itália, é também a que promove uma das festas mais antigas da cidade: a de Nossa Senhora da Achiropita, no Bexiga, bairro tradicionalmente italiano da cidade. Organizada desde 1926 para ajudar a construir uma capela na Rua Treze de Maio, e realizada até a década de 1970 dentro da igreja, ela viu a luz do céu apenas no início dos anos 1980. Hoje, reúne cerca de 200 mil pessoas entre os primeiros dias de agosto.

A festa é famosa pelos pratos tradicionais da Itália, que, segundo a organização, são feitos seguindo as receitas originais do país europeu, como a fogazza, a fricazza, o spaguetti e a melanzana. Durante os finais de semana, as filas para comprá-los podem demorar até uma hora.

Atualmente, cerca de 900 voluntários organizam a festa que ficou conhecida como Quermesse da Achiropita, e fecha as ruas Treze de Maio e São Vicente, onde são instaladas cerca de 35 barracas de alimentação. Há ainda novenas e procissões, além das missas à Nossa Senhora da Achiropita.

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