Campo Grande Sábado, 20 de Abril de 2024


Educação e Carreira Domingo, 20 de Maio de 2018, 12:32 - A | A

Domingo, 20 de Maio de 2018, 12h:32 - A | A

Coluna Educação e Carreira

Concurso do SEFAZ é concorrido porque oferece “carreira tranquila”, dizem analistas

Por Débora Ramos

Da coluna Educação e Carreira
Artigo de responsabilidade do autor

Para servidores, a auditoria é um dos trabalhos mais valorizados do funcionalismo público brasileiro - em dinheiro e em prestígio

Istock Photos

ColunaEducaçãoECarreira

Um dos concursos mais esperados deste ano, que espera preencher 40 vagas imediatas de Auditor Fiscal da Receita do Distrito Federal para a Secretaria da Fazenda local (SEFAZ DF), só reúne essa expectativa porque abre caminho para uma das carreiras mais desejadas do funcionalismo público.

Mais do que a remuneração inicial, de R$ 14.970 em regime estatutário, e da progressão temporal que pode aumentar esse ordenado para R$ 22,196,62 na classe especial, analistas acreditam que a auditoria é bem quista também nos meios políticos. "É uma carreira que sempre será valorizada dentro do funcionalismo público por questões óbvias: se o governo trata mal quem arrecada, fica sem oxigênio, não respira", explica Egbert Nascimento, Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União (TCU) e professor da Gran Cursos Online, consultoria especializada nesse tipo de exame.

Para ele, as secretarias de Fazenda espalhadas pelo país são garantias de um cotidiano de trabalho tranquilo, bem remunerado e valorizado. "Para quem trabalha na fiscalização na rua tem um desgaste e o risco maiores, mas é uma carreira absolutamente tranquila. Eu tenho amigos dentro das secretarias pelo país que só me falam bem. Aqui, no Distrito Federal, a carreira é muito valorizada. Aliás, o funcionalismo público do DF é muito valorizado como um todo", diz Nascimento.

O edital da SEFAZ-DF deve ser publicado entre maio e junho, de acordo com consultorias especializadas no setor. A seleção para trabalhar no órgão já passou da fase de elaboração do Termo de Referência e agora espera pela assinatura do contrato com a empresa que irá organizar, planejar e aplicar as provas. A assessoria da imprensa da pasta informou recentemente que nos próximos dois meses o governo do Distrito Federal irá sacramentar o acordo com a empresa escolhida para o processo. Além das 40 vagas imediatas para Auditor Fiscal da Receita do DF, o exame vai selecionar mais 80 aprovados para um cadastro de reserva - totalizando 120 pessoas.

Para o professor Cláudio Zorso, ex-servidor do Executivo Federal e autor de diversos livros sobre auditoria governamental, o trabalho em uma SEFAZ também não é estressante, como alguns costumam argumentar. "É um trabalho tranquilo, totalmente técnico, em que o auditor não está presente nas barreiras existentes. Claro, existem algumas situações mais complicadas: eu sei que trabalhar na Receita Federal nas fronteiras, como a da Bolívia, não é tão legal assim", diz. "Mas o pessoal saí dali bem de vida", brinca.

A expectativa pelo concurso do SEFAZ-DF tem dois motivos: o primeiro é que a última prova para o órgão aconteceu em 2001, quando a Fundação Carlos Chagas (FCC) organizou o concurso para 200 vagas de Fiscal da Receita do DF. Apesar da distância temporal, o exame de 16 anos atrás é a única referência para quem está estudando hoje. O segundo é que a prova é esperada pelos concurseiros desde 2014, quando o governador à época, Agnelo Queiroz, autorizou a contratação de 100 vagas imediatas e para um cadastro de reserva do órgão.

Zorzo, porém, não tira algumas críticas possíveis ao trabalho de auditor. Para ele, além das pressões e assédios que o funcionário público sofre normalmente, ainda pode ficar refém de questões políticas. "Qualquer auditor pode contar uma experiência de ter sido assediado. Eles são suscetíveis ao dinheiro e à pressão, por isso que o sindicato precisa ser forte. No TCU você sofre pressão porque é técnico, mas os ministros são políticos", conta.

"O único problema que tenho como experiência, principalmente em Brasília, é que, se a carreira tributária não tiver um sindicato forte, fica sujeita às decisões políticas do grupo do governador. Às vezes, dependendo do local, a SEFAZ é utilizada como ferramenta política - e em Brasília os empresários fortes podem ser contados nos dedos", finaliza.

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS